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    Economia do Brasil cresce 0,1% e fica estável no 3º trimestre

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA AO RIO
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    01/12/2017 09h00 - Atualizado às 10h23

    O IBGE informou nesta sexta-feira (1º) que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,1% no terceiro trimestre e ficou praticamente estável em relação aos três meses imediatamente anteriores.

    Ainda assim, é o terceiro trimestre seguido de resultado positivo. O resultado veio um pouco abaixo do previsto pelos analistas, que esperavam uma alta de 0,3%. No entanto, o IBGE revisou o desempenho do PIB em trimestres anteriores, puxando para cima o resultado da economia no acumulado do ano.

    Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,4% entre julho e setembro deste ano. Neste ano, até setembro, a expansão é de 0,6%.

    Antes da divulgação deste resultado, a expectativa dos analistas era de um crescimento do PIB de 0,7% em 2017.

    O Codace (Comitê de Datação de Ciclos), grupo de reúne economistas para estudar os ciclos econômicos no Brasil, avalia que a recessão terminou em dezembro de 2016, após 11 trimestres seguidos de queda –segundo o grupo, a recessão começou no segundo trimestre de 2014.

    A principal dúvida é sobre a capacidade do país em manter a trajetória de recuperação, em meio a incertezas em relação à dinâmica das contas públicas, o que pode voltar a disparar os juros, o câmbio e a inflação.

    A dívida brasileira, hoje equivalente a 74% do PIB, cresce de maneira acelerada, e o governo enfrenta dificuldades para colocar em prática medidas de contenção do aumento das despesas. A principal delas, a reforma da Previdência, enfrenta forte resistência de parlamentares.

    Para o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), o crescimento do PIB pode parecer baixo, mas é forte se analisado por setores. "Sem a agricultura, que caiu por razões sazonais, o crescimento foi de 1,1%", afirmou em seu perfil no Twitter.

    PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %

    RESSUSCITA

    A principal novidade deste PIB é a recuperação do investimento, que subiu 1,6% após 15 trimestres seguidos no vermelho. A tendência declinante vinha desde o terceiro trimestre de 2013.

    Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, porém, o investimento ainda cai 0,5%.

    A virada para o positivo ocorre, principalmente, em razão da maior produção de máquinas e equipamentos, uma vez que a construção civil ainda segue em crise.

    A volta também tem relação com a melhora mais recente da confiança do empresário.

    Segundo a Fundação Getulio Vargas, o índice de confiança do industrial cresce desde julho, retornando aos níveis do início de 2014, antes do mergulho na recessão.

    Ainda assim, a taxa de investimento do país está em nível muito baixo, incapaz de sustentar uma expansão econômica mais robusta à frente.

    No terceiro trimestre, a taxa de investimento foi de 16,1%, abaixo do verificado no mesmo período do ano passado (16,3%).

    Economistas afirmam que países como o Brasil demandam uma taxa próxima de 25% do PIB para manter um crescimento econômico de longo prazo sem acelerar a inflação.

    CONSUMO

    Impulsionado pela queda da taxa de juros e pela recuperação do mercado de trabalho, o consumo das famílias subiu 1,2%, numa segunda alta seguida.

    O consumo é o principal componente das contas nacionais –responde por mais de 60% do PIB– e foi estimulado também pelos saques nas contas inativas do FGTS, que injetou cerca de R$ 40 bilhões na economia.

    Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta do consumo foi de 2,2%.

    Já os gastos do governo engataram o quinto trimestre de recuo e caíram 0,2%.

    PIB por setores

    AGROPECUÁRIA

    O setor agrícola, que ajudou a puxar para cima o PIB no primeiro trimestre deste ano, reverteu o impacto positivo no terceiro trimestre.

    Na comparação do período com o trimestre imediatamente anterior, houve queda de 3% na agropecuária. Na outra ponta, indústria (0,8%) e serviços (0,6%) puxaram o indicador para cima.

    Na indústria, o crescimento ocorreu devido à produção da indústria de transformação, que responde por mais da metade do peso do setor fabril no PIB. Em relação ao terceiro trimestre do ano anterior, a expansão da indústria foi de 0,4%.

    A queda da agropecuária já era esperada. Após colheitas recordes de milho e soja no primeiro semestre, começa o período de entressafra. Era esperado, contudo, esse impacto sazonal no PIB do setor. Na comparação do período com igual trimestre no ano passado, agro mantém sua força, com alta de 9,1%.

    "O grande boom da agropecuária foi no primeiro semestre deste ano, principalmente no primeiro trimestre. Se excluíssemos o resultado do setor, o PIB poderia ter crescido cerca de 0,6%", afirmou a Coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

    Já o setor de serviços, cujo desempenho é muito relacionado ao do consumo, cresceu 1% em relação ao terceiro trimestre de 2016.

    Agropecuária - Tri. X Tri. imediatamente anterior, em %

    REVISÕES

    O IBGE revisou o PIB dos últimos seis trimestres. Os dados atualizados mostraram que as altas no primeiro e segundo trimestres foi maior que o divulgado à época.

    O instituto divulgou que o PIB cresceu 0,7% no segundo trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior –o valor antes da revisão era de 0,2%. Já nos três primeiros meses do ano, a alta foi de 1,3%, e não de 1% conforme projetado anteriormente.

    Na comparação com igual período do ano passado, as revisões não resultaram em mudança significativa dos indicadores.

    O PIB do segundo trimestre deste ano, que havia registrado alta de 0,3%, foi revisado para 0,4%. No primeiro trimestre, a economia andou de lado, com variação de 0%, segundo o dado revisado. O indicador anterior apontava queda de 0,4%.

    Nas revisões dos dados de 2016, as quedas do PIB, ocorridas nos quatros trimestres do ano, foram menores do que as inicialmente divulgadas. O resultado do acumulado do ano, com queda de 3,5% em relação a 2015, diferiu pouco do valor divulgado anteriormente, de 3,6%.

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