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    Obama é o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos

    MÁRCIA SOMAN MORAES
    colaboração para a Folha Online

    05/11/2008 02h16

    O democrata Barack Obama foi eleito no começo da madrugada desta quarta-feira o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país. O republicano John McCain já telefonou a Obama parabenizando-o pela vitória e fez seu primeiro discurso após a derrota dizendo "aplaudir" o caráter histórico da vitória de Obama.

    O atual presidente do país, o republicano George W. Bush, também já telefonou para Obama para dar os parabéns.

    Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.

    Leia perfil de Obama

    Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.

    Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano McCain.

    O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte-americana que assola as Bolsas de todo o mundo.

    O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.

    Economia

    A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

    Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.

    Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

    Recordes

    A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas da história da política americana.

    "Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

    Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

    "Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.

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