Barack Obama selou nesta quarta-feira uma vitória histórica, que já era prevista por várias pesquisas, ao ser o primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos, após uma campanha intensa de mobilização de eleitores que o candidato democrata conduziu com grande disciplina.
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Os democratas Barack Obama e Joe Biden comemoram conquista da Casa Branca em eleição histórica nos Estados Unidos |
"Foi a campanha mais eficaz de mobilização de eleitores da história política americana", disse Adam Seagal, diretor do Programa de Eleitores Hispânicos da Universidade Johns Hopkins. Seagal explicou que o uso inteligente da internet para chegar aos eleitores foi fundamental nessa estratégia.
No site oficial da campanha, Obama já agradecia os eleitores com o lema da disputa "A mudança é possível" e informações sobre a comemoração na cidade de Chicago.
Além disso, sua superioridade financeira -- arrecadou mais de US$ 600 milhões durante a campanha, mais que o dobro que o seu adversário republicano John McCain -- fez com que lançasse uma implacável ofensiva propagandista. Essa ofensiva, destacou Seagal, o ajudou a ficar com o voto latino em Estados-chave para sua vitória nesta terça, como Colorado, Novo México e Flórida.
Temo Figueroa, diretor da equipe hispânica de Obama, explicou que nos últimos dias em Estados como a Flórida era praticamente impossível que se passassem mais de 15 minutos sem que os telespectadores e ouvintes latinos escutassem a mensagem: "Sou Barack Obama e aprovo esta mensagem".
O entusiasmo gerado por seu lema principal, de mudança e esperança ("Sim, é possível"), fez o resto do trabalho, em um país farto da presidência de George W. Bush, que deixa o país imerso na pior crise econômica em 80 anos e envolvido em dois conflitos, no Iraque e no Afeganistão.
Além de destacar os detalhes da campanha histórica de Obama, os analistas ressaltaram também o enorme simbolismo da eleição do primeiro presidente negro na história do país. "É realmente épico que um afro-americano que tenha nascido quando muitos Estados ainda proibiam casamentos inter-raciais venha a se tornar presidente dos Estados Unidos", disse Fred Greenstein, professor emérito da Universidade de Princeton (Nova Jersey).
Para Conrad Fink, ex-vice-presidente da agência de notícias Associated Press (AP) e professor de Jornalismo da Universidade da Geórgia, a eleição de Obama evidencia a "beleza da democracia americana". "Demonstra que qualquer um, independentemente de suas origens e da cor de sua pele, pode chegar ao mais alto", disse Fink.
Erwin Hargrove, professor emérito da Universidade Vanderbilt (Tennessee), diz acreditar, por sua vez, que a vitória de Obama "ajudará a restaurar o prestígio moral americano no mundo".
O triunfo de Obama supõe a ruptura dos EUA com os republicanos e a abertura de uma nova era política.
"A vitória de Obama marca o fim de uma etapa de domínio republicano e poderia supor o início de um longo período de maioria democrata", previu Hargrove.