Políticos de todos os lados estão em polvorosa nos Estados Unidos. O motivo: Rush Limbaugh, um radialista conservador que vem ocupando o vácuo de liderança na oposição ao repetir diariamente a cerca de 20 milhões de ouvintes que quer o fracasso da empreitada reformista do presidente Barack Obama.
No último fim de semana, Limbaugh sacudiu a plateia da Convenção de Ação Política Conservadora ao reiterar, sem meias palavras, que "quer que Obama fracasse em sua missão de reestruturar e reformar o país para que o capitalismo e a liberdade individual não sejam mais seus fundamentos".
O porta-voz da convenção classificou o discurso, transmitido por TVs como CNN e Fox News, como o mais bem recebido da história do encontro, superando até os do presidente Ronald Reagan (1981-89).
Rich Arden11jul.03/AP |
O radialista norte-americano Rush Limbaugh será desafio para Obama |
O revés é que o governo adotou a estratégia de tratar o radialista como o verdadeiro porta-voz da oposição, na esperança de que suas visões radicais --quase caricaturais-- afastem os moderados. E Limbaugh se tornou um problema para o Partido Republicano.
Comentaristas da direita moderada apareceram na TV alertando que, se der ouvidos a Limbaugh, o Partido Republicano vai ter que se acostumar a ser minoria. Até o presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Steele, foi à CNN dizer que o ramo de Limbaugh é o "entretenimento": "Eu é que sou o líder do partido".
Limbaugh não deixou barato. "Se eu fosse líder do Partido Republicano, no estado triste em que ele se encontra, me demitiria", disse em resposta. "Sr. Steele, o sr. não é o líder do Partido Republicano (...), e sim da burocracia do partido."
Steele acabou pedindo desculpas, e democratas estão tirando todo o proveito possível da situação. "O recuo de Steele e suas desculpas provam que Limbaugh é a força que lidera o Partido Republicano e as políticas de obstrução ao presidente Obama em Washington", afirmou Tim Kaine, governador da Virgínia e presidente do Comitê Nacional Democrata.
Em canais simpáticos à esquerda, como o MSNBC, vários talk shows têm explorado o tema "quem é o verdadeiro líder republicano". E uma coalizão de sindicatos gastou US$ 100 mil para pôr no ar comerciais ligando Limbaugh ao partido.
Enquanto isso, conservadores moderados continuam órfãos. "À esquerda, temos um presidente (...) fortemente progressista. À direita, temos as "brigadas Rush Limbaugh"", escreveu o colunista David Brooks no "New York Times". "A única coisa mais assustadora do que o experimento de Obama [alusão a suas políticas econômicas] é a ideia de que ele pode falhar e o poder político recairá sobre um Partido Republicano que atualmente é inadequado para manejá-lo."