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    Entenda a crise que resultou no afastamento do presidente de Honduras

    da Folha de S.Paulo

    28/06/2009 13h46

    O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, recuou da decisão de tirar o general Romeo Vásquez do comando do Estado Maior das Forças Armadas do país centro-americano.

    "É certo, eu anunciei [na TV] a destituição [de Vásquez], mas não nomeei ninguém [no lugar dele]. Ele segue no comando do Estado Maior das Forças Armadas, já fez suas manifestações de obediência e disciplina", afirmou Zelaya ao canal em espanhol da CNN na noite de anteontem.

    Esteban Felix/AP
    Soldados ocupam as ruas de Honduras, em aparente golpe militar; presidente reverteu demissão de militar, pivô da crise
    Soldados ocupam as ruas de Honduras em manobra de golpe militar; presidente reverteu demissão de militar, estopim da crise no país

    A demissão de Vásquez agudizou a crise política em Honduras. No centro da controvérsia, estava o projeto do neoesquerdista Zelaya de realizar hoje uma consulta popular para abrir caminho a uma futura Assembleia Constituinte. Para seus críticos, o presidente, cujo mandato termina em janeiro, buscaria aprovar a reeleição, vetada pela Carta vigente.

    A consulta foi considerada ilegal pelo Ministério Público e pelas autoridades eleitorais, e o general Vásquez se recusou a prestar apoio logístico a ela.

    Zelaya demitiu Vásquez pela insubordinação, mas a decisão foi revertida pela Corte Suprema. O presidente prometeu manter a destituição, mas, aparentemente, viu-se sem controle sobre as Forças do país.

    O general Vásquez seguiu no comando dos soldados, que ocuparam pontos centrais da capital, Tegucigalpa. "Mantém-se a presença militar, mas ela pode diminuir à medida que, mediante diálogo, encontre-se uma solução", disse Vásquez antes do anúncio de Zelaya.

    "Os tempos mudaram", diria também o general sobre a acusação do governo de que havia um "golpe em curso" no país. "[As Forças Armadas] têm como estratégia o fortalecimento da democracia", continuou.

    Zelaya tinha afirmado que levaria adiante a consulta popular hoje com o apoio da polícia, e apesar da anunciada intenção do Congresso de abrir um processo de impeachment contra ele por causa da iniciativa. Jornais e TVs --de oposição-- e a Igreja Católica pediram que a população não comparecesse às urnas.

    Em meio à confusão institucional, a OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou ontem envio de missão a Honduras para apoiar a ordem democrática e para "analisar os fatos". O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse anteontem que havia "risco de golpe" no país.

    Hoje, Zelaya foi detido por militares logo no começo da manhã deste e levado para instalações da Força Aérea. Ele foi levado à Costa Rica.

    Com agências internacionais e Folha Online

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