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    Sotomayor toma posse na Suprema Corte dos EUA

    da Folha Online

    08/09/2009 18h59

    Indicada pelo presidente Barack Obama, a juíza Sonia Sotomayor tomou posse nesta terça-feira na Suprema Corte dos Estados Unidos, em uma cerimônia da qual participaram o presidente e seu vice, Joe Biden.

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    Sotomayor, 55, tornou-se no mês passado a terceira mulher, e a primeira pessoa de origem hispânica, a assumir o cargo de juíza na corte constitucional dos EUA, que tem 220 anos de história. Ela fez novamente o juramento do cargo nesta terça-feira --depois do juramento de confirmação no cargo, em 8 de agosto-- na cerimônia em que o tribunal formalmente recebeu seu mais novo membro.

    J. Scott Applewhite/Reuters
    Sonia Sotomayor posa ao lado da mãe, antes de assumir seu posto na Suprema Corte
    Sonia Sotomayor posa ao lado da mãe, antes de assumir seu posto na Suprema Corte

    Estiveram presentes à posse o procurador-geral, Eric Holder; e diversos membros da comunidade hispânica, além de parentes e amigos.

    Durante o ato, conduzido pelo presidente da Suprema Corte, John Roberts, Sotomayor se comprometeu a aplicar a justiça por igual a todas as pessoas.

    Ao final de seu juramento, a juíza se sentou no lado direito de uma longa mesa de madeira junto aos outros oito magistrados do Supremo. Todos ocupam o cargo de forma vitalícia.

    Após a cerimônia, a juíza posou primeiro com Roberts em frente às escadas da Suprema Corte e depois com seus familiares mais próximos: sua mãe, seu padrasto, seu irmão e sua cunhada.

    Filha de porto-riquenhos, Sotomayor foi criada no bairro de Bronx, na cidade de Nova York. Ela se formou na Universidade de Princeton (Nova Jersey), em 1976, e obteve três anos mais tarde um doutorado em direito da Universidade de Yale (Connecticut), uma das mais reconhecidas do país.

    Obama nomeou-a para substituir o juiz David Souter, 69, um liberal nomeado por um republicano que se aposentou recentemente. A expectativa é que ela mantenha a linha de Souter e não desequilibre o balanço ideológico da Suprema Corte, participando da ala liberal, que tem quatro juízes. Outros quatro são considerados conservadores e o nono juiz, Anthony Kennedy, um conservador moderado, normalmente dá o voto de Minerva quando há empate.

    Sua indicação sofreu resistências de republicanos, que citaram seus discursos e histórico --principalmente em algumas decisões em questões de porte de armas, direito de propriedade e discriminação por trabalhadores brancos. Em especial, lembraram um discurso de 2001 no qual ela afirmou que uma "latina inteligente" tomaria decisões melhores que um homem branco.

    Apesar das polêmicas, a nomeação dela foi aprovada em 6 de agosto passado por 68 votos a favor e 31 contrários no Senado, que tem 40 republicanos.

    Primeiro caso

    A sessão desta terça-feira na Suprema Corte foi apenas solene. Sotomayor e os outros oito juízes voltam ao tribunal nesta quarta-feira (9) para julgar um caso importante sobre a lei de financiamento de campanha.

    A Suprema Corte interromperá seu recesso de verão, que normalmente se estende até outubro, para ouvir os argumentos de um caso que, segundo a edição desta terça-feira do jornal "The New York Times", "pode mudar a direção da democracia americana".

    O caso em questão, "Citizens United contra a Comissão Federal Eleitoral [FEC, na sigla em inglês]", surgiu por causa do documentário "Hillary: the Movie" ("Hillary: o Filme", em tradução livre).

    A produção foi elaborada pelo grupo conservador sem fins lucrativos Citizens United (Cidadãos Unidos) e examina a trajetória e a personalidade da ex-senadora pelo estado de Nova York e atual secretária de Estado americana, Hillary Clinton.

    Os autores queriam que o documentário tivesse sido divulgado durante as eleições primárias para a Presidência americana, no ano passado, mas a FEC determinou que o filme violava a lei de financiamento eleitoral McCain-Feingold, que proíbe as empresas fazer doações eleitorais em nível federal.

    Dado que a Citizens United recebe pequenas contribuições empresariais, os reguladores opinaram que a distribuição da obra era ilegal.

    PUBLIFOLHA/PUBLIFOLHA

    O caso repercutiu ao ponto de pôr em xeque as restrições às doações empresariais aos políticos.

    Em 1990, a Justiça americana decretou que, dada sua "imensa" riqueza, as empresas tinham a capacidade de silenciar vozes individuais no diálogo político no país.

    No caso "Austin contra a Câmara de Comércio de Michigan", o Supremo respaldou uma lei estadual que proibia as empresas de utilizar seus lucros para financiar anúncios a favor ou contra candidatos políticos.

    Esse precedente foi reforçado em 2003, quando o tribunal deu seu apoio à lei de reforma de financiamento eleitoral federal conhecida como McCain-Feingold, que limita a influência de empresas, sindicatos e outros grupos de interesse nas campanhas. Os juízes decidirão amanhã se eliminam essas restrições.

    Os juízes Anthony Kennedy, Antonin Scalia e Clarence Thomas estão a favor de anular as restrições. Os juízes mais liberais John Paul Stevens, Ruth Bader Ginsburg e Stephen G. Breyer devem votar por mantê-las, assim como estava David Souter, cuja vaga será preenchida por Sotomayor.

    Os analistas esperam que, dada a trajetória da magistrada, ela deve votar na mesma linha que Souter.

    A grande dúvida é em relação aos votos de Roberts e de Samuel Alito, que se mostraram a favor de reduzir as restrições, mas até o momento foram reticentes a declarar como inconstitucionais as proibições sobre as despesas corporativas.

    Com Associated Press e Efe

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