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    Karzai apoia anúncio de Obama de mais tropas e plano de retirada para Afeganistão

    da Folha Online

    02/12/2009 07h27

    O presidente americano, Barack Obama, anunciou na noite desta terça-feira sua nova estratégia para o Afeganistão: 30 mil homens extras até meados de 2010 e planos para retirada em 2011. O presidente afegão, Hamid Karzai, que soube dos planos horas antes do anúncio, em videoconferência com Obama, apoia o reforço americano.

    Segundo o comandante das forças dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, general Stanley McChrystal, Karzai enfatizou ainda a necessidade de explicar o aumento nas tropas estrangeiras para o povo afegão.

    Musadeq Sadeq/AP
    Soldados americanos conversam antes de patrulha em Cabul; Obama anunciou envio de mais 30 mil homens para Afeganistão
    Soldados americanos conversam antes de patrulha em Cabul; Obama anunciou envio de mais 30 mil homens para Afeganistão

    "Foi muito positivo. O presidente está muito resoluto esta manhã", disse McChrystal a repórteres, em Cabul.

    A presença das tropas estrangeiras no afeganistão não é um tema de consenso entre os afegãos, principalmente pela morte de civis em ataques aéreos. Desta vez, contudo, deve contar a favor as promessas de que as tropas extras serão enviadas com foco no treinamento dos afegãos para desenvolver a capacidade do Exército e a polícia afegãs para que se encarreguem desta tarefa.

    Mudança real

    McChrystal emitiu ainda um comunicado após o discurso de Obama parabenizando o líder pela iniciativa de enviar mais 30 mil soldados --10 mil a menos que ele havia pedido em relatório entregue em setembro passado.

    "A revisão liderada pelo presidente proporciona uma maior clareza na missão militar e os recursos para realizar nossa tarefa", disse McChrystal, que destacou "a determinação e o compromisso" mostrados por Obama em seu discurso na academia militar de West Point.

    Em setembro, McChrystal tinha alertado a seu Governo sobre o risco de fracasso no conflito afegão se não houvesse uma revisão da estratégia e o envio de mais tropas para somar força aos aproximadamente 100 mil soldados presentes no Afeganistão --deles, 68 mil americanos.

    "O êxito no Afeganistão deve ser um esforço internacional que integre os componentes civil e militar", afirmou hoje o general americano, que se referiu à necessidade de impedir que o Afeganistão continue sendo um "santuário do terror e a violência".

    Segundo McChrystal, o compromisso da comunidade internacional "prevalecerá para levar ao Afeganistão uma mudança real", que definiu como um entorno estável e seguro que permita um Governo efetivo, oportunidades econômicas e mais liberdade para os afegãos.

    Este foi o ano com maior registro de mortes nas tropas internacionais no Afeganistão, com quase 500 baixas, vítimas das ações dos insurgentes do grupo islâmico Taleban, cada vez mais assentados em grande parte do país.

    Segundo McChrystal, os outros 42 países que compõem a missão militar no Afeganistão se beneficiarão da ampliação de tropas anunciada pelos EUA, mas Obama pediu a seus aliados que aumentem seus contingentes.

    Discurso

    Obama disse nesta terça-feira que irá enviar 30 mil soldados mais para a guerra do Afeganistão ainda no primeiro semestre de 2010 com o intuito de acelerar a entrega da responsabilidade sobre a segurança do país para os cidadãos afegãos.

    "A exemplo do que foi feito no Iraque, nós iremos fazer essa transição [a da segurança] de forma responsável, levando em consideração as condições no terreno. Nós continuaremos aconselhando e ajudando as forças de segurança afegãs, para assegurar que elas possam ter sucesso a longo prazo. Mas ficará claro para o governo afegão --e, o que é ainda mais importante, para o povo afegão-- que eles serão os maiores responsáveis por seu país."

    Em dezembro de 2008, Washington e Bagdá ratificaram acordo de segurança que estipulava a retirada americana das principais cidades iraquianas antes de julho de 2009, o que ocorreu, e de todo o território iraquiano antes de janeiro de 2012.

    Em seu discurso, o americano afirmou que as tropas americanas extras no Afeganistão irão, principalmente, "aumentar nossa [dos EUA] habilidade de treinar forças de segurança afegãs competentes, e de cooperar com elas, para que mais afegãos entrem na luta". "Eles ajudarão a criar as condições para que os EUA transfiram responsabilidade para os afegãos", afirmou.

    "Estamos no Afeganistão para evitar que um câncer, mais uma vez, se espalhe por todo o país. Mas o mesmo câncer também criou raiz na região da fronteira com o Paquistão. E é por essa razão que precisamos de uma estratégia que funcione dos dois lados da fronteira."

    Conflito

    Os EUA invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, em resposta aos ataques de 11 de Setembro. O país era então governado pelo grupo Taleban, que dava abrigo à rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, mentor dos ataques que mataram cerca de 3.000 pessoas em Nova York e Washington.

    Prêmio Nobel da Paz neste ano, Obama foi eleito fazendo forte oposição à guerra no Iraque --contra a qual votou quando senador-- mas defende a missão no Afeganistão como uma forma de combater o terrorismo e garantir a estabilidade da Ásia Central.

    Com agências internacionais

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