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    Gordon Brown renuncia como premiê e líder dos trabalhistas no Reino Unido

    da Reportagem Local

    11/05/2010 15h20

    O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou nesta terça-feira sua renúncia ao cargo, em meio a notícias do fracasso das negociações de coalizão com os liberais-democratas, essenciais para manter a maioria absoluta no Parlamento.

    Ele disse que vai aconselhar à rainha que convide o líder da oposição, o conservador David Cameron, para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

    Brown também anunciou sua renúncia imediata ao cargo de líder do Partido Trabalhista, que estava prevista para acontecer até o final de setembro, quando acontece a reunião anual da legenda. "Minha renúncia como líder do Partido Trabalhista deve entrar em vigor imediatamente."

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    Cathal McNaughton/Reuters
    Gordon Brown apresentou hoje sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro britânico e líder do Partido Trabalhista
    Gordon Brown apresentou hoje sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro britânico e líder do Partido Trabalhista

    Ele disse ter prometido fazer todo o possível para assegurar a formação de um governo forte, e disse ter feito todo o possível para garantir isso.

    Ao lado de sua mulher, Sarah, Brown fez a declaração em frente ao nº10 da Downing Street --residência do premiê-- pouco antes das 19h30 locais (15h30 em Brasília). Brown agradeceu sua mulher e disse que, ao deixar o segundo cargo mais importante que já teve, agora aprecia ainda mais o primeiro-- de marido e pai.

    Brown também prestou homenagem aos soldados que morreram lutando pelo país, e às suas famílias em luto.

    Após a declaração, eles receberam os filhos, John and Fraser, e entraram no carro oficial, em direção ao Palácio de Buckingham, para oficializar a renúncia perante a rainha Elizabeth 2ª.

    Brown sucedeu Tony Blair no cargo de premiê em junho de 2007, após dez anos como ministro das Finanças.

    Negociações

    As negociações entre o Partido Trabalhista, de Gordon Brown, e os liberais-democratas, liderados por Nick Clegg, para a formação de um governo de coalizão fracassaram, informou a rede BBC nesta terça-feira. Segundo fontes citadas pela BBC, os contatos dos trabalhistas com o partido de Clegg não alcançaram uma conclusão positiva.

    Com isso, o cenário mais provável se torna um acordo com o Partido Conservador, de David Cameron.

    Andrew Parsons/Sang Tan/Efe/AP - 07.mai.10
    O líder conservador, David Cameron (à esq.), e o liberal democrata, Nick Clegg: partidos negociam acordo
    O líder conservador, David Cameron (à esq.), e o liberal democrata, Nick Clegg: partidos negociam acordo

    A notícia foi divulgada ao mesmo tempo em que negociadores do Partido Conservador e do Partido Liberal-Democrata estão reunidos em Londres para tentar fechar um acordo.

    A reunião começou às 13h (10h de Brasília), depois que os líderes de ambos os partidos, Cameron e Clegg, se reuniram nesta manhã por uma hora.

    Cameron manifestou hoje que chegou "o momento de tomar uma decisão" e Clegg admitiu que é necessário decidir o mais rápido possível para evitar que a incerteza política se prolongue em excesso e transforme em histeria o nervosismo para os mercados.

    Hung Parliament

    É a primeira vez desde 1974 que as eleições britânicas terminam sem um partido com maioria no Parlamento.

    Com todos os 649 distritos apurados (o último será decidido somente em 27 de maio), os conservadores venceram com 306 cadeiras, contra 258 dos trabalhistas e outras 57 dos liberais democratas. Os outros partidos elegeram 28 representantes.

    Como nenhum partido conseguiu os 326 assentos necessários para governar sozinho, a saída é uma coalizão com os demais partidos. Nesta lista, os liberais democratas despontam como o centro das atenções.

    Após as eleições gerais britânicas da quinta-feira passada (6), os conservadores obtiveram 306 cadeiras, com o que a soma dos liberais-democratas permite superar com folga os 326 parlamentares nos quais está fixada a maioria absoluta.

    Os trabalhistas de Brown alcançaram 258 cadeiras, por isso, além do apoio dos liberais-democratas, teriam que conseguir o dos deputados nacionalistas escoceses, galeses e norte-irlandeses.

    Historicamente, a aliança óbvia seria entre os liberais-democratas e os trabalhistas, ambos de política progressista e que já trabalharam juntos no último governo de coalizão britânico --há 36 anos, sob líder trabalhista Harold Wilson.

    Desta vez, contudo, analistas ouvidos pela Folha indicaram que as chances maiores são de uma coalizão entre liberais-democratas e conservadores, que teriam a seu favor maior votação popular.

    Proposta conservadora

    O Partido Conservador britânico afirmou nesta segunda-feira que fez uma "proposta final" de uma coalizão formal com o Partido Liberal Democrata, como parte das negociações entre os dois partidos para formar um novo governo no Reino Unido.

    Simon Dawson/AP
    "Vamos tentar deixar tudo o mais claro possível o mais rápido possível", disse o líder liberal democrata
    "Vamos tentar deixar tudo o mais claro possível o mais rápido possível", disse o líder liberal democrata

    Segundo a BBC, o líder do Partido Conservador, David Cameron, telefonou para o líder liberal democrata, Nick Clegg, pouco depois das 20h locais (16h em Brasília) da segunda-feira para oferecer a "proposta final".

    "Estamos fazendo uma oferta de boa fé ao Partido Liberal Democrata para um governo estável, forte, com uma maioria considerável no Parlamento, em coalizão, e um referendo sobre o sistema alternativo eleitoral", afirmou um negociador dos conservadores, George Osborne.

    Os conservadores propõem um referendo sobre um sistema eleitoral com "voto alternativo", em que os eleitores listem os candidatos em ordem de preferência. Esse sistema daria ao Partido Liberal Democrata mais assentos no Parlamento --mas não seria a revolução para chegar à representação proporcional.

    Segundo o sistema de representação proporcional --muito adotada na Europa--, os liberais democratas, com quase um quarto dos votos em todo o Reino Unido, teriam essa proporção das cadeiras do Parlamento. No atual sistema eleitoral britânico, eles levaram apenas 57 dos 650 assentos, ou 9% das cadeiras.

    O porta-voz conservador e um dos negociadores, William Hague disse que parece improvável que os conservadores tentem governar sem a maioria no Parlamento --um cenário que é permitido por lei. Ele também disse que os eleitores podem não querer ter um segundo líder não eleito --Brown ganhou o cargo das mãos do ex-premiê Tony Blair, mas não foi ele mesmo eleito.

    Segundo Hague, os conservadores ofereceram aos liberais democratas uma coalizão total, com cargos no gabinete para a equipe de Clegg e um pedido para não convocar novas eleições nacionais por pelo menos dois anos e meio.

    Apesar de os conservadores terem oferecido realizar um referendo sobre a mudança no sistema eleitoral britânico, Hague disse que o partido deve tentar persuadir o público contra quaisquer reformas.

    Cameron e Clegg se falaram na tarde desta segunda-feira, mas não havia outros encontros planejados, segundo Hague.

    Com agências internacionais

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