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    Milhares de argentinos se despedem de Néstor Kirchner; líderes chegam para velório

    DA FRANCE PRESSE

    28/10/2010 10h46

    Carregando velas, bandeiras e flores, milhares de argentinos formam longas filas fora da Casa Rosada, em Buenos Aires, para se despedirem do ex-presidente e líder peronista Néstor Kirchner, morto ontem (27) aos 60 anos de parada cardiorrespiratória, cujo velório teve início às 11h (de Brasília). Líderes sul-americanos começam a chegar para o funeral.

    A presidente Cristina Kirchner, mulher do ex-mandatário, chegou no final da manhã ao velório acompanhada dos filhos, Florencia e Máximo. Eles foram transportados de helicóptero da residência oficial de Olivos até a sede do governo.

    Perto do caixão estão sua irmã, Alicia Kirchner, atual ministra do Desenvolvimento Social, e o chefe de gabinete Aníbal Fernández.

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    O caixão está no Salão dos Patriotas Latino-Americanos, em meio a retratos de figuras históricas do continente como Getúlio Vargas, Juan Perón, Salvador Allende e Ernesto "Che" Guevara.

    Centenas de jovens militantes permaneceram toda a noite na Praça de Maio, em frente à sede do governo, e já de madrugada começaram a formar uma fila para garantir sua entrada no velório do "Pingüino", como era conhecido o ex-presidente.

    Ao mesmo tempo, demonstravam apoio ao governo de sua viúva, a presidente Cristina Kirchner, cujo mandato termina em 2011.

    Reuters
    Corpo do ex-presidente Néstor Kirchner é velado na Casa Rosada; milhares esperam para se despedir do líder
    Corpo do ex-presidente Néstor Kirchner é velado na Casa Rosada; milhares esperam para se despedir do líder

    Guardada por um forte esquema de segurança, a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, amanheceu coberta por flores e mensagens. "Força, Cristina" são os dizeres de centenas de cartazes de apoio à presidente.

    "Força, presidente. Precisamos de você mais do que nunca. Estamos com você", afirmavam cartas deixadas na noite de quarta-feira por milhares de argentinos, que em meio a muita comoção foram prestar suas condolências na capital federal.

    Enrolada em uma bandeira da Argentina, a vereadora Graciela Benítez passou 19 horas à frente da fila que dava a volta na sede do governo para ser a primeira a se despedir de Kirchner.

    Daniel Garcia/AFP
    A vereadora Graciela Benítez, que passou 19 horas na fila para ser a primeira pessoa a entrar no velório de Kirchner
    A vereadora Graciela Benítez, que passou 19 horas na fila para ser a primeira pessoa a entrar no velório de Kirchner

    "Cheguei ontem às 15h10 ao lado de um grupo de militantes da Frente para a Vitória", a coalizão que levou Kirchner ao poder em 2003, disse a vereadora do município de Moreno, na província de Buenos Aires.

    "Tenho muita dor, mas também tenho esperança porque estou convencida que o poder está com a presidente Cristina Fernández de Kirchner, porque Cristina e Néstor são uma só coisa", completou.

    LULA

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá na tarde desta quinta-feira para a Argentina para o velório do ex-presidente daquele país Néstor Kirchner.

    Lula tinha decidido viajar a Buenos Aires na sexta-feira, mas precisou antecipar a ida porque o corpo de Kirchner será cremado na manhã de sexta-feira.

    Inicialmente, o corpo do ex-presidente seria velado na Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires, até sábado quando, então, Kirchner seria cremado. Depois de participar do velório, Lula deve retornar a Brasília.

    Natacha Pisarenko/AP
    Milhares aguardam na fila que dá voltas na Casa Rosada; Kirchner era o político mais influente da Argentina
    Milhares aguardam na fila que dá voltas na Casa Rosada; Kirchner era o político mais influente da Argentina

    Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, já estão em Buenos Aires. São esperados ainda para hoje, segundo o jornal "La Nación", os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), José Mujica (Uruguai), Sebastián Piñera (Chile), Fernando Lugo (Paraguai) e Juan Manuel Santos (Colômbia).

    MORALES

    Morales, o primeiro dos dois a chegar à capital argentina, afirmou sentir-se órfão com a partida de seu "irmão e companheiro. "Ontem (quarta-feira), ao retornar de Teerã, fomos pegos de surpresa pela informação sobre a perda do companheiro e irmão Néstor Kirchner", indicou Morales.

    O presidente boliviano, que viajou acompanhado de uma ampla coletiva de ministros e vice-ministros, evocou os momentos difíceis que passou no poder e a ajuda oferecida por seu ex-colega. "Sua ajuda e suas sugestões foram muito importantes quando comecei como presidente. A perda me deixa órfão. Passei momentos difíceis e Néstor sempre estava comigo. Espero que siga comigo", acrescentou.

    CORREA

    Correa, entusiasta de Kirchner para a Secretaria-Geral da Unasul, chegou apenas minutos depois do boliviano e lamentou a morte do "extraordinário presidente e queridíssimo amigo".

    "Nosso abraço à sua companheira de luta, de sonhos. A maior homenagem que podemos fazer é ratificar nosso compromisso de construir essa pátria grande da América Latina que tanto sonhou e pela qual tanto luto", disse o equatoriano. "Para ti, Néstor: até a vitória, sempre."

    MORTE

    O ex-presidente morreu na manhã desta quarta-feira depois de ser internado com urgência por problemas cardíacos em um hospital de El Calafate. De acordo coma imprensa local, Kirchner foi internado pela manhã no hospital José Formenti, acompanhado de Cristina.

    Daniel Garcia/AFP
    Partidários do ex-presidente Nétor Kirchner começaram a chegar à Praça de Maio na madrugada desta quinta
    Partidários do ex-presidente Nétor Kirchner começaram a chegar à Praça de Maio na madrugada desta quinta

    Segundo a imprensa local, Kirchner sofreu uma parada cardiorrespiratória com morte súbita. O ex-presidente e sua mulher estavam desde o último final de semana em sua casa em El Calafate, na região da Patagônia. Neste ano, Néstor Kirchner já havia passado por duas intervenções cirúrgicas devido ao agravamento de seus problemas cardíacos.

    Os médicos que socorreram Kirchner tentaram reanimá-lo durante 45 minutos, disseram pessoas próximas ao líder citadas nesta quinta-feira pela imprensa local.

    Segundo versões de mais de uma pessoa, o líder e Cristina jantaram em casa com um grupo de amigos. Após a refeição, retiraram-se para descansar.

    No começo da madrugada de ontem, Kirchner teria dito não estar se sentindo bem. Cristina então chamou uma ambulância, que chegou ao local imediatamente e, escoltada pela polícia, levou o ex-presidente ao hospital municipal José Formenti.

    Kirchner chegou ao hospital com sinais vitais "muito débeis", segundo os jornais "Clarín" e "Página 12".

    Neste momento, segundo o primeiro periódico, os médicos tentaram reanimá-lo com um desfibrilador e entraram em contato com o médico presidencial, Luis Buonomo, que se encontrava em Buenos Aires. Desistiram depois de 45 minutos.

    Neste ano, Néstor Kirchner já havia passado por duas intervenções cirúrgicas devido ao agravamento de seus problemas cardíacos.

    CORPO

    O corpo do ex-presidente chegou nesta madrugada à capital Buenos Aires, num dos aviões da frota presidencial, que viajou de El Calafate, em Santa Cruz, onde Kirchner morreu na manhã da quarta-feira (27). Depois do velório, será novamente transportado para o sul da Argentina, para a Província de Santa Cruz, na Patagônia, onde Kirchner nasceu.

    No avião com o caixão viajou Máximo Kirchner, 32, filho do ex-presidente, e sua mulher, a presidente Cristina Fernandez de Kirchner. Eles chegaram por volta das 2h (3h no horário de Brasília). Florencia, 19, viajou de Nova York, onde estuda cinema, para Buenos Aires.

    Néstor governou a Argentina de 2003 a 2007 e exercia três cargos simultaneamente. Além do posto como secretário-geral da Unasul, era deputado federal e dirigia o PJ (Partido Justicialista).

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