• Mundo

    Thursday, 09-May-2024 07:10:57 -03

    Religioso sunita lança decreto pedindo assassinato de Gaddafi

    DA FRANCE PRESSE, EM DOHA
    DA EFE

    21/02/2011 18h44

    O influente pregador muçulmano Yusuf al Qaradawi lançou nesta segunda-feira uma fatwa [decreto religioso] pedindo que soldados do Exército líbio tenham o ditador do país, Muammar Gaddafi, na mira de suas armas.

    "Qualquer pessoa no Exército líbio que puder atirar em Gaddafi deve fazê-lo", disse Qaradawi --um clérigo nascido no Egito, mas que vive no Qatar-- à rede de TV Al Jazeera.

    Ele também pediu a embaixadores líbios no mundo todo que "se dissociem do regime de Gaddafi".

    Qaradawi, 85, apresenta um programa popular na Al Jazeera e tem ligações com a Irmandade Muçulmana do Egito.

    Gaddafi --conhecido por suas excentricidades, enfrentamentos com o Ocidente, caprichos sem fim e como o mais duradouro dos ditadores africanos-- tem seu poder abalado pelos enfrentamentos armados vividos por seu país.

    Nascido na cidade de Sirte, em 1942, criado em uma família dedicada ao pasto de camelos, Gaddafi estudou para chegar à Academia Militar.

    Com seus companheiros de armas se aproveitou das lições de liderança e alcançou o poder com um golpe de Estado em 1º de setembro de 1969, quando derrubou o rei Idris Senussi, no poder desde a independência do país, em 1951.

    Sabri Elmhedwi/Efe
    Ditador da Líbia, Muammar Gaddafi em cerimônia para celebrar nascimento de profeta islâmico
    Gaddafi em cerimônia; ao menos 233 pessoas morreram desde início das manifestações contra o ditador

    REPRESSÃO

    No país norte-africano, ao menos 233 pessoas morreram desde que começaram as manifestações em prol de reformas democráticas e contra o regime de Gaddafi, segundo dados da organização defensora dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

    O governo de Gaddafi voltou a reprimir duramente os manifestantes que pedem sua renúncia e atacou, com aviões militares que dispararam munição real, multidões que se reuniram na capital da Líbia, Trípoli, para protestar, informou nesta segunda-feira a emissora de TV árabe Al Jazeera. Segundo especialistas, a ação poderia significar que o regime do ditador está perto do fim.

    A informação foi passada por um cidadão líbio, Soula al Balaazi --que se diz um ativista da oposição--, que afirmou à TV por telefone que aviões de guerra da força aérea do país bombardeou "alguns locais de Trípoli".

    No entanto, não foi possível confirmar a informação de forma independente.

    Um analista da consultoria Control Risks, com sede em Londres, disse que o uso de aviões militares contra seu próprio povo indica que o fim pode estar próximo para Gaddafi.

    "Isso realmente parecem ser atos derradeiros, desesperados. Se você está bombeando sua própria capital, é realmente difícil ver como você pode sobreviver", afirmou Julien Barnes-Dacey, analista da consultoria para o Oriente Médio.

    "Na Líbia, mais do que em qualquer outro país da região, há um prospecto de violência grave e conflito aberto."

    Frederic Neema - 16.out.1989/Reuters
    Gaddafi com o ex-ditador egípcio, Hosni Mubarak, em 1989;
    Gaddafi com o ex-ditador egípcio, Hosni Mubarak; manifestantes pedem saída de ditador há 42 anos no poder

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024