O ministro do Interior da Argentina, Florencio Randazzo, afirmou nesta sexta-feira, que o governo do Reino Unido "não tem razão" em relação à disputa pela soberania das ilhas Malvinas. Ele reiterou que o país sul-americano continuará insistindo para que os britânicos comecem o diálogo.
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Em entrevista à Radio Mitre, de Buenos Aires, Randazzo diz que a negação do diálogo é prova "eloquente" de que o Reino Unido não está certo no litígio e argumentou que a distância de Londres das Malvinas é prova de que o domínio não faz sentido.
"Não há explicação para a presença inglesa nas ilhas que não seja a usurpação de um território que não lhe corresponde, a mais de dez mil quilômetros de distância do Reino Unido", afirmou.
O ministro afirmou que a reclamação sobre as Malvinas é uma "política de Estado irrenunciável" de todos os governos argentinos desde a redemocratização do país, em 1983.
Enrique Marcarian/Reuters | ||
Argentinos fazem protesto contra declarações sobre Malvinas na embaixada do Reino Unido em Buenos Aires |
PROTESTOS
As declarações de Randazzo acontecem em meio a protestos em Buenos Aires contra os últimos movimentos do governo britânico em relação às Malvinas.
Centenas de partidários do esquerdista Movimento Sur queimaram uma bandeira britânica a poucos metros da embaixada do Reino Unido, na capital argentina. O grupo, liderado pelo ex-deputado Fernando "Pino" Solanas, pede que o governo rompa relações com os britânicos.
Em entrevista ao jornal "The Times", o governador das Malvinas, Nigel Wood, afirmou que os moradores do arquipélago querem seguir vinculados ao reino britânico. Ele disse que a pressão argentina não mudará a posição dos habitantes e considerou um equívoco a decisão do Mercosul de dificultar a chegada de navios às ilhas.
DECLARAÇÕES
O atrito entre Londres e Buenos Aires começou após declarações do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Nesta quarta (18), ele chamou a Argentina de "colonialista" por querer ter o controle do arquipélago.
Na quinta (19), o jornal "The Times" informou que Cameron colocará em prática um plano de contingência militar que eleva o efetivo das Forças Armadas no Atlântico Sul. A iniciativa foi tomada devido à agressividade do discurso do governo de Cristina Kirchner.
No dia 8, o premiê britânico afirmou que não negociará sobre a soberania das ilhas e disse que manterá "vigilância" sobre o acordo entre os países do Mercosul para não permitir a entrada de navios do arquipélago.