O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta sexta-feira que o imbróglio criado com o Reino Unido e a Suécia pelo asilo diplomático ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, tem solução fácil.
O australiano está abrigado na embaixada equatoriana em Londres desde 19 de junho, após alegar que sofria perseguição política ao ter aprovada sua extradição para a Suécia, onde responde a acusações de estupro.
Em entrevista durante visita ao Chile, Correa se dispôs a permitir que os investigadores suecos interroguem o australiano na Embaixada do Equador em Londres para evitar que Assange seja extraditado ao país nórdico.
"Ele nem sequer é acusado na Suécia. Eles querem fazer um depoimento prévio, de modo que oferecemos a embaixada do Equador em Londres para um promotor sueco possa interrogá-lo."
O mandatário disse que há uma segunda saída, que julga mais complicada. Ele se refere à liberação para que o fundador do Wikileaks vá à Suécia, desde que se garanta a não extradição a um terceiro país, em alusão aos Estados Unidos.
Correa afirmou não entender o motivo do impasse criado após a concessão do asilo, em agosto. "Estamos atuando conforme o direito internacional, exercendo a soberania do Equador, em função de princípios e buscando defender os direitos humanos de Assange".
ASILO
O fundador do Wikileaks possui asilo diplomático do Equador desde agosto, mas Londres não quer conceder salvo-conduto para que ele possa sair do país. O país sul-americano entendeu que ele sofre perseguição política e corre risco caso seja extraditado.
Os advogados do ativista australiano alegam que acordo firmado entre Suécia e Estados Unidos permitiria o envio de Assange a esse segundo país, o que sinalizaria intenção de processá-lo por crimes relacionados ao WikiLeaks.
Conforme a argumentação da defesa de Assange --e aceita pelo Equador--, as acusações feitas contra ele na Suécia são apenas parte de um complô que visa, em última instância, enviá-lo aos EUA. Lá, dizem, Assange estaria suscetível a maus-tratos e condições degradantes como isolamento prolongado.
O governo equatoriano trabalha para convencer o governo britânico a conceder a Assange um salvo-conduto que permita o traslado dele, em segurança, da embaixada ao aeroporto, onde ele embarcaria rumo a Quito. Entretanto, Londres argumenta que não pode fazer tal concessão, sob pena de violar o acordo com a Suécia.