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    Manifestantes interrompem evento com participação de Yoani Sánchez em São Paulo

    FLÁVIA MARREIRO
    DE SÃO PAULO

    21/02/2013 21h27

    Manifestantes da UJS (União da Juventude Socialista), do Partido Comunista Revolucionário e de outras organizações provocaram o encerramento antecipado de uma apresentação da blogueira e ativista cubana Yoani Sánchez no Cine Livraria Cultura, na av. Paulista, em São Paulo.

    Aos gritos, o grupo regularmente inscrito para participar do evento impediu que parte das respostas da blogueira fossem ouvidas. Sánchez não realizou a sessão de autógrafos de seu livro "De Cuba, com Carinho" (Contexto, 2009) prevista.

    "Quem defende a democracia e não tolera 20, 30 jovens? Não tivemos direito ao microfone e tivemos de usar nossa voz", disse André Tokarski, 29, presidente da UJS e um dos organizadores do protesto.
    Pelas regras do evento, a plateia podia fazer perguntas por escrito para a cubana.

    Do lado de fora do cinema, manifestações pró e contra a blogueira se transformaram numa animada disputa de palavras de ordem --sem rusgas ou incidentes. "Bolsonaro ela abraçou/Para a CIA trabalhou/Yoani é só caô", cantava, com tambores, o grupo contra a blogueira, em referência ao encontro de Sánchez e o parlamentar conservador Jair Bolsonaro em Brasília.

    "Protestar é bem bacana/quero ver isso em Havana", respondia o grupo pró-blogueira, que também entoou "Ei, Fidel, leva o Dirceu", em referência ao ex-ministro da Casa Civil do Brasil.

    A rejeição ao petista foi um insólito ponto comum entre alguns integrantes dos dois bandos. "Por mim, pode levar o Dirceu, só não para Cuba, para não estragar", afirmou Pedro Marin, 17.

    Avener Prado/Folhapress
    Manifestantes apoiam a blogueira cubana Yoani Sánchez, no Conjunto Nacional, em São Paulo
    Manifestantes apoiam a blogueira cubana Yoani Sánchez, no Conjunto Nacional, em São Paulo

    DIREITOS HUMANOS

    Mais cedo, Sánchez cobrou do governo Dilma Rousseff ontem em São Paulo um "posicionamento mais enérgico" e "duro" ao abordar o tema de direitos humanos com o governo Raúl Castro.

    "Tem faltado dureza ou franqueza na hora de falar do tema de direitos humanos na ilha. Tem havido silêncios demais. Os povos não esquecem", afirmou Sánchez, que participou na manhã de ontem de uma conversa com jornalistas e leitores do jornal "O Estado de S. Paulo".

    No Brasil desde segunda-feira, em sua primeira viagem internacional em nove anos, Sánchez se transformou num tema de embates entre manifestantes e parlamentares pró e contra o governo comunista de Cuba, provocando protestos e situações de tensão.

    "É a multiplicação por dez do que eu esperava", disse, sobre a repercussão da visita feita à Bahia, a primeira escala no país, e ao Congresso em Brasília, anteontem.

    Ela criticou os que impediram a exibição do filme "Conexão Cuba > Honduras", do cineasta baiano Dado Galvão, na segunda-feira em Feira de Santana (BA). "Impedir as pessoas de falar não é democracia. É fanatismo", disse.

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