Nicolás Maduro assumiu oficialmente a Presidência da Venezuela nesta sexta-feira, enquanto a autoridade eleitoral do país faz uma auditoria em todos os votos eletrônicos da eleição presidencial de domingo, a pedido da oposição, que se nega a reconhecer o resultado e classificou Maduro como "ilegítimo".
Maduro tomou posse, jurando construir uma "pátria independente e socialista de todos e para todos". Em um ato simbólico, María Gabriela Chávez, uma das filhas de Hugo Chávez o ajudou a colocar a faixa presidencial, para euforia dos seguidores chavistas que cercavam a sede da Assembleia Nacional em Caracas.
O juramento de Maduro também fez referência a Chávez.
"Juro pelo povo da Venezuela, juro pela memória eterna do comandante supremo que cumprirei e farei esta Constituição ser cumprida", disse Maduro, flanqueado por um quadro gigante de Chávez e com a Carta Magna na mão esquerda.
Maduro, que já trabalhou como motorista de ônibus, obteve o apoio dos chefes de Estado integrantes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que ele ajudou a criar quando era chanceler, mas também recebeu pedidos para baixar o tom na disputa com a oposição do país.
De acordo com os números do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro venceu as eleições no domingo por 265 mil votos, resultado que foi questionado pelo candidato opositor Henrique Capriles, o que detonou uma crise política no país, que conta com as maiores reservas de petróleo do mundo.
Raul Arboleda/AFP | ||
Apoiadores do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mostram retrato do líder Hugo Chávez em frente ao Congeresso |
O conflito entre as forças do governo e a oposição depois do resultado apertado provocou embates nas ruas que deixaram oito mortos, segundo dados oficiais.
Na noite da última quinta-feira (18), o CNE anunciou que irá uditar 100% dos votos eletrônicos depois da pressão da oposição contra o resultado a favor de Maduro, que foi declarado vitorioso na segunda-feira (15).
A Venezuela teve que realizar inesperadamente a eleição para escolher um sucessor de Hugo Chávez, depois da morte no começo de março do líder de esquerda, que havia sido reeleito em outubro, derrotando Capriles. Chávez morreu vítima de câncer.
"Convido a todos e todas para a posse do primeiro presidente chavista, filho de Chávez", disse Maduro, confiante de que conseguirá reunir chavistas na cerimônia, que contará com dezenas de chefes de Estado, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
Maduro tem pela frente a difícil tarefa de conseguir que a oposição, que conquistou a maior votação nas urnas contra o chavismo em eleições presidenciais, o reconheça. Além disso, terá que demonstrar ao movimento criado por Chávez que ele tem capacidade para liderá-lo e "aprofundar" o rumo ao socialismo no país.
"Agora vem o trabalho", disse o presidente eleito.