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    Primeiro hospital de parceria Brasil-Cuba-Haiti deve ficar pronto neste mês

    PAULA LAGO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO PRÍNCIPE (HAITI)

    14/05/2013 15h46

    Está prevista para este mês a inauguração do primeiro dos três hospitais comunitários de referência no Haiti que estão sendo construídos por meio da Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti.

    O acordo, assinado em março de 2010, tem como principal objetivo reestruturar o sistema de saúde haitiano, seriamente abalado pelo terremoto daquele ano, e vale até dezembro de 2014, podendo ser renovado por mais cinco anos. O Brasil prevê repassar US$ 60 milhões até o fim do pacto.

    A ideia inicial, de construir em até 120 dias UPAs (unidades de pronto atendimento) a partir do modelo brasileiro, foi deixada de lado em 2011, após a eleição do presidente Michel Martelly.

    A decisão do atual Ministério da Saúde Pública e da População foi a de fazer hospitais de referência, que incluem cirurgia simples, ginecologia e obstetrícia, pediatria, medicina interna e geral e pronto socorro, em Bon Repos, que será o primeiro a ser entregue, Beudet (junho) e Carrefour (julho), todos na região metropolitana da capital, Porto Príncipe.

    Paula Lago/Folhapress
    Obras do Hospital Bon Repos, feito em parceria entre Brasil, Cuba e Haiti, em Porto Príncipe (Haiti)
    Obras do Hospital Bon Repos, feito em parceria entre Brasil, Cuba e Haiti, em Porto Príncipe (Haiti)

    Segundo Elisabeth Susana Wartchow, coordenadora no Haiti do projeto de Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti, entre os principais problemas de saúde estão a falta de controle de doenças preveníveis por vacinas (como sarampo e rubéola), as mortalidades materna e infantil, verminoses, desnutrição infantil e doenças infecciosas como dengue e malária.

    "A participação do Estado na área não chega a 20%, o restante vem de agências de financiamento externo ou doações. Como o acesso à saúde é ruim, os pacientes chegam para ser atendidos já em estado grave", afirma Wartchow.

    Os índices de saúde preocupam: o país tem alguns dos piores números da América Latina. De acordo com dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), por exemplo, 29% das crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição crônica (baixa altura para a idade). No Brasil, são 7%. A taxa de desnutrição aguda (baixo peso para a idade) é de 10% no Haiti e de 2% no Brasil.

    CAPACITAÇÃO

    Além da construção de hospitais, o governo brasileiro também capacita agentes comunitários polivalentes. Em 30 de abril, 113 desses profissionais foram formados, juntamente com 32 técnicos em equipamentos biomédicos, após curso de quatro meses.

    "Estamos preparados para melhorar as condições de equipamentos dos hospitais. Ainda não tenho trabalho, mas sei que não vai faltar, pois não existem profissionais com essa qualificação", diz, entre uma foto e outra com amigos e familiares logo após a formatura, Jean Pierre Garmy, 27, técnico em equipamentos biomédicos.

    O agora agente de saúde comunitária Steeve Agnant, 28, também estava otimista na cerimônia de encerramento do curso. "Escolhi algo para ajudar as pessoas em Carrefour, onde moro. Temos muitos problemas de saúde, e agora estou pronto para diminuir alguns deles."

    Cada um dos formados recebe uma bolsa de US$ 200 mensais por dois anos. O Ministério da Saúde do Haiti é responsável por absorver essa mão de obra e, no caso dos agentes, estes atuam diretamente na saúde da comunidade, dando prioridade ao acompanhamento de grávidas e crianças, e no fortalecimento do controle epidemiológico do país, ao notificar doenças infecciosas.

    "A vigilância epidemiológica aqui é muito fraca, o projeto é fazer uma vigilância ativa. Há cinco anos, não havia registros sobre sarampo e rubéola. Hoje os agentes investigam e conseguem identificar casos, o que levou a uma campanha contra essas doenças no ano passado", afirma Elizabeth David dos Santos, epidemiologista brasileira que atua no acordo de cooperação.

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