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    Morre aos 87 Jorge Rafael Videla, ditador argentino entre 1976 e 1981

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    17/05/2013 09h59

    Morreu nesta sexta-feira, às 6h30 da manhã, o general Jorge Rafael Videla, aos 87, na prisão de Marcos Paz, em Buenos Aires. O líder da primeira junta militar que governou a Argentina entre 1976 e 1981 cumpria pena de prisão perpétua em uma prisão militar.

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    Videla é o responsável por comandar o aparato de repressão que, durante o período, matou mais de 30 mil pessoas, de acordo com estimativas de direitos humanos. Também esteve por trás da sistematização do sequestro de mais de 500 bebês, filhos de guerrilheiros e militantes desaparecidos. As crianças foram entregues a famílias de militares.

    O general encabeçou o golpe de 24 de março de 1976 que derrubou o governo de Isabel Perón e foi o primeiro presidente dos anos de ferro. A junta era ainda integrada pelo almirante Emilio Massera e pelo brigadeiro Orlando Agosti.

    Depois da recuperação democrática, em 1983, Videla foi julgado e condenado. As leis de anistia promulgadas por Alfonsín e Menem, porém, o liberaram. Em 2010, voltou a ser julgado e condenado à prisão perpétua. Nos últimos anos, vinha enfrentando julgamentos específicos, sobre roubo de bebês, desaparições, crimes contra civis.

    Sua última aparição pública foi durante uma das audiências do julgamento do Plano Condor, na última terça-feira, quando não quis dar declarações.

    Cecilia Pando, que é amiga da família, disse à radio Once Diez que o ex-ditador morreu dormindo e que não quis jantar na noite de quinta (16) "porque se sentia mal". Ainda não se sabem as causas da morte.

    Videla é a figura mais emblemática da ditadura argentina, por ter comandando um dos aparatos de repressão militar mais cruéis da América Latina. Nos últimos anos, transformou-se num símbolo da retomada dos julgamentos de crimes de lesa humanidade promovidos pelos governos Néstor e Cristina Kirchner. Derrubando as leis de anistia que favoreciam o general, o casal promoveu mais de 700 julgamentos, sendo a condenação de Videla a mais importante.

    Em seu livro "Disposição Final", o jornalista Ceferino Reato, último a entrevista-lo na prisão, em 2011, conta que Videla até o fim de seus dias dizia acreditar que o processo de "reorganização nacional" que promoveu foi um êxito.

    Causando choque na população, Videla disse que as mortes causadas pela repressão haviam sido "necessárias" no processo, e admitiu pela primeira vez o esquema do roubo de bebês. Videla se considerava um preso político, e que o kirchnerismo o mantinha preso indevidamente, uma vez que já tinha sido anistiado.

    Depois da reeleição de Cristina, em 2011, quando percebeu que suas chances de sair com vida da prisão haviam terminado, Videla começou a dar mais entrevistas a publicações argentinas e espanholas. Recentemente, sugeriu que a população deveria pegar em armas contra a presidente.

    Em seus últimos anos, Videla dormia num quarto de dimensões pequenas, na prisão do Campo de Maio, antigo centro de detenção clandestina. Extremamente católico, assistia a missas e rezava, sua mulher o visitava todos os dias, os filhos e netos também frequentavam a prisão.

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