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    Polícia da Turquia dispersa protestos de sindicalistas em Istambul

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    17/06/2013 14h26

    A polícia turca usou bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar os manifestantes nesta segunda-feira, em Istambul.

    O objetivo da polícia é evitar que os ativistas cheguem até o complexo que abriga a praça Taksim e o parque Gezi, de onde manifestantes foram expulsos no fim de semana.

    O protesto é liderado pelos dois principais sindicatos de trabalhadores do país, que convocaram uma greve geral para hoje, para tentar paralisar as atividades do governo. Dentre as categorias que aderiram, estão funcionários públicos, médicos, engenheiros e advogados.

    Em Ancara, centenas de manifestantes, carregando bandeiras dos sindicatos, se reuniram na praça Kizilay. Há relatos de que a polícia também conteve os ativistas com canhões d'água.

    O ministro do Interior, Muammer Güller, disse nesta segunda-feira que a greve é ilegal e deve ser reprimida. "As forças de segurança não permitirão uma greve. Usaremos nossas forças para tirar as pessoas das ruas em caso de ações ilegais como essa".

    Em entrevista nesta segunda-feira, o vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, ameaçou aplicar o Exército para impedir manifestações em Istambul e em outras partes da Turquia.
    Segundo ele, o governo usará todos os meios para dissolver os protestos.

    "Para isso, existe a polícia e, se não for suficiente, podemos usar a Guarda Nacional. Se ainda não bastar, temos as Forças Armadas. A lei nos dá essa autoridade".

    Questionado sobre a atuação policial, o vice-chefe de governo disse que os agentes usarão toda a autoridade que eles têm à disposição e afirmou que quem critica os atos são responsáveis por atos de vandalismo. Ele também defendeu o início de ações judiciais contra as lideranças do protestos.

    Segundo o Conselho de Advogados turco, cerca de 500 pessoas foram presas nas últimas 24 horas. A entidade informa que, dentre eles, cerca de 400 foram detidos em Istambul e o resto na capital Ancara. O governo não deu nenhuma estimativa. Para a Anistia Internacional, mais de cem pessoas foram presas no período.

    O jornal local "Hürriyet" disse que os manifestantes presos em Istambul foram levados à região da praça Taksim, onde foram colocados em ônibus da polícia. A Anistia Internacional ainda pediu que o governo turco permita que os presos possam se comunicar com familiares e pedir a presença de advogados.

    APOIO À OPOSIÇÃO

    Após mais de duas semanas de protestos, o apoio popular à oposição cresceu, segundo pesquisa MetroPoll divulgada nesta segunda-feira. Segundo a sondagem, 22,7% dos entrevistados disseram que votariam no principal partido de oposição, o secular CHP (Partido Republicano Popular), se as eleições fossem hoje. Em abril, o apoio era de apenas 15,3%.

    A porcentagem de apoiadores do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento), do premiê Tayyip Erdogan, teria diminuído um ponto desde abril, segundo a pesquisa. Agora, 35,3% disseram que votariam na sigla islâmica moderada.

    O levantamento foi feito entre 2.818 pessoas entre 3 e 12 de junho, depois dos primeiros confrontos entre manifestantes e policiais.

    MERKEL

    Mais cedo, a chanceler alemã Angela Merkel disse que a repressão das manifestações contra o governo turco é "muito dura". "O que acontece atualmente na Turquia não corresponde, para mim, a nossa concepção da liberdade de manifestação e expressão, elementos essenciais de uma sociedade desenvolvida".

    Em entrevista à emissora alemã RTL, Merkel manifestou o desejo de que a oposição "obtenha um espaço na Turquia que entra no século XXI" e que uma solução pacífica seja alcançada.

    A repressão aos protestos contra o governo de Recep Tayyip Erdogan tem provocado fortes críticas à Turquia de países europeus e da União Europeia, bloco ao qual o governo turco pretende se integrar. Para a maioria deles, o uso da força policial é excessivo e há restrições à liberdade de expressão.

    Os protestos na Turquia começaram no fim de maio como um ato contra a construção de um shopping no parque Gezi, em Istambul. Com a repressão policial, no entanto, grupos de oposição e sindicatos aderiram e a manifestação cresceu e mudou de foco.

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