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    Brasileiro clérigo xiita foi deportado do Irã

    SAMY ADGHIRNI
    DE TEERÃ

    04/12/2013 17h41

    O paulistano Rodrigo Jalloul, instalado no Irã desde 2007 e que havia se tornado o primeiro clérigo xiita brasileiro, foi deportado da república islâmica, segundo apurou a Folha.

    O incidente ocorreu em 1º de novembro, quando Jalloul, 27, desembarcou no aeroporto internacional Imã Khomeini, em Teerã, voltando do Brasil. Funcionários da imigração o colocaram de volta no avião sem apresentar justificativa. O governo iraniano também não se pronunciou.

    O setor consular da Embaixada do Brasil em Teerã diz não ter sido procurado sobre o caso.

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Foto de 2011 mostra o paulistano Rodrigo Jalloul na mesquita do Brás, em São Paulo
    Foto de 2011 mostra o paulistano Rodrigo Jalloul na mesquita do Brás, em São Paulo

    Contatado pela reportagem, Jalloul confirmou a deportação e disse não saber porque foi impedido de entrar no país, onde segue formação teológica na Universidade Al Mustafá, na cidade de Qom (90 km sul de Teerã), voltada para estrangeiros convertidos ao xiismo.

    "Não tenho informação sobre o motivo. Nada está confirmado em relação à minha situação. Tenho recebido apoio da universidade, que me disse estar trabalhando para que eu possa voltar", afirmou Jalloul à Folha, por telefone, desde São Paulo.

    Nascido de um pai sunita de origem libanesa e de uma mãe católica com ascendência espanhola, Jalloul converteu-se ao islã xiita aos 18 anos de idade.

    Após optar por uma carreira religiosa, foi o primeiro brasileiro a estudar teologia no santuário de Qom, que forma os mais altos clérigos da teocracia iraniana. Outros estudantes do Brasil seguiram seus passos e se instalaram no Irã.

    Jalloul aprendeu o idioma local farsi e aprofundou seus conhecimentos até receber, em cerimônia oficial ocorrida em março, o título de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá, ápice da hierarquia xiita.

    A credencial de hojatoleslam lhe dá o direito de usar turbante e lhe confere autoridade espiritual para se pronunciar sobre questões religiosas e reconhecer casamentos, divórcios e enterros.

    Oficialmente reconhecido como mulá (sábio religioso), Jalloul ministrava palestras em várias cidades iranianas e participava de atividades para divulgação do islã no Brasil, onde predominam muçulmanos sunitas.

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