Acordos assinados nesta quinta-feira com a China podem trazer à Ucrânia cerca de US$ 8 bilhões em investimentos, segundo o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, em informação da agência de notícias Interfax.
"Os documentos assinados por nós hoje estão ampliando a cooperação econômica. Nós ainda não calculamos quanto isso representará em dinheiro. Temos contado que estamos falando de cerca de oito bilhões de dólares de investimento na economia", disse ele durante sua visita a Pequim.
Xinhua/Ju Peng | ||
Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, se encontra com presidente da China, Xi Jinping, em visita ao país |
Nesta quinta-feira, os manifestantes receberam um prazo final da justiça para liberar a sede do Governo na capital Kiev.
A Rada (Legislativo ucraniano) não pôde realizar sua sessão plenária de hoje depois que deputados opositores impediram o acesso à mesa da Presidência da Câmara e se constatou a falta de quórum para iniciar a reunião.
Para o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, a reação do Ocidente em relação aos acontecimentos na Ucrânia foi "histérica".
O site presidencial disse que os projetos da China incluem aeronaves e construção naval, agricultura, energia e construção de estradas.
Em relação à agricultura, o investimentos têm relação com abastecimento de soja e cevada para o mercado chinês. A Ucrânia também quer fornecer trigo e milho para a China.
A Ucrânia enfrenta problemas para o financiamento de um déficit. São necessários cerca de US$ 17 bilhões no próximo ano para alcançar o pagamento da dívida e do custo do gás natural importado pelo país.
A decisão de não assinar um pacto comercial com a União Europeia e, em direção oposta, revitalizar as relações econômicas com a Rússia têm provocado protestos na capital.
PROTESTOS
As autoridades ucranianas deram nesta quinta-feira um prazo final para que os manifestantes desocupem prédios do governo.
"Os manifestantes devem garantir o funcionamento das instituições do Estado. Esperamos que os cidadãos ucranianos respeitem a lei", disse Valeri Mazán, o novo chefe da polícia de Kiev.
Segundo uma decisão judicial, os opositores têm cinco dias para desbloquear a sede do Governo, no centro da capital.
"Caso contrário, se utilizarão todos os meios à disposição da polícia para garantir o cumprimento da lei", completou.
Os manifestantes da oposição ainda controlam a Câmara Municipal de Kiev, a Casa dos Sindicatos, e bloqueiam parcialmente a sede do Governo, da Administração Presidencial e da Rada Suprema.
Enquanto isso, centenas de ativistas, exigindo a convocação de eleições parlamentares e presidenciais antecipadas, estão reunidos dia e noite na Praça da Independência, em Kiev.
"HISTERIA"
Os Estados Unidos e os europeus expressaram nesta quinta-feira apoio aos ucranianos que se manifestam por um futuro na Europa, durante uma reunião da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) em Kiev.
"Estamos com o povo ucraniano, que vê seu futuro na Europa", afirmou a subsecretária americana de Estado de Assuntos Europeus, Victoria Nuland, na abertura da reunião da OSCE.
Sergei Supinsky/AFP | ||
Reunião da OSCE reúne diplomatas em Kiev, capital da Ucrânia; Ocidente mostrou apoio às manifestações no país |
Entre as mais de trinta delegações estrangeiras presentes no encontro, a da Rússia criticou a posição ocidental. Os russos desempenharam um papel decisivo para dissuadir Kiev de assinar o acordo de associação com a União Europeia.
Já o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, denunciou as ameaças e pressões econômicas exercidas sobre a Ucrânia para afastá-la da UE.
"As ameaças e as pressões econômicas que observamos este ano são simplesmente inaceitáveis", declarou, em clara referência à Rússia.
Reagindo a essas críticas, o chefe da diplomacia russa, Lavrov, denunciou a "histeria" do Ocidente em relação à Ucrânia.
"Esta situação está relacionada com a histeria de alguns países europeus depois que a Ucrânia decidiu não assinar o acordo de associação com a União Europeia", declarou Lavrov.