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    Michelle Bachelet vence segundo turno e voltará à Presidência do Chile

    LÍGIA MESQUITA
    ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

    15/12/2013 20h37

    Michelle Bachelet, 62, foi eleita ontem a nova presidente do Chile. A candidata da aliança de centro-esquerda Nova Maioria (ex-Concertação) obteve 62,16% dos votos, contra 37,83% de Evelyn Matthei, da coalizão de centro-direita Aliança.

    Será a segunda vez que a pediatra Bachelet governará o país. A primeira foi entre 2006 e 2010. No Chile não há reeleição.

    ebastian Silva/Efe
    Michelle Bachelet, eleita pela 2ª vez presidente do Chile, comemora vitória em evento em Santiago
    Michelle Bachelet, eleita pela segunda vez presidente do Chile, comemora vitória em evento em Santiago

    "O Chile olhou para sua trajetória, para seu passado recente, suas feridas. E esse Chile decidiu que é o momento de iniciar transformações profundas", afirmou Bachelet em seu discurso de vitória para uma multidão no centro de Santiago. "Não há receitas mágicas e não estamos escolhendo o caminho fácil. Nunca foi fácil mudar o mundo para melhor."

    A apuração dos votos em cédula foi rápida e, às 19h20 no Chile (20h20 em Brasília), Matthei reconheceu a derrota e chorou. "O resultado é de minha exclusiva responsabilidade política", disse a ex-ministra do Trabalho.

    Ela felicitou Bachelet e desejou que a socialista faça um bom governo. "Ninguém que ame realmente o Chile pode querer o contrário", disse.

    Hector Retamal/AFP
    Evelyn Matthei, candidata derrotada nas eleições do Chile, chora ao reconhecer vitória de Bachelet para a Presidência
    Evelyn Matthei, candidata derrotada nas eleições do Chile, chora ao reconhecer vitória de Bachelet para a Presidência

    Assim como no primeiro turno, a abstenção no pleito foi alta: 53% dos 13,6 milhões de eleitores não compareceram às urnas na primeira disputa presidencial no país com voto voluntário.

    Antes mesmo da divulgação dessa taxa, setores da Aliança diziam que a vitória de Bachelet não seria legítima devido ao baixo comparecimento nas urnas.

    "A legitimidade quem dá são as regras da democracia. E hoje as regras que temos são essas, é o voto voluntário", disse Bachelet ao votar.

    Antes de assumir a Presidência, em 2006, Bachelet foi ministra da Saúde e da Defesa. Durante a ditadura, foi presa e torturada e se exilou na Austrália e na Alemanha Oriental. Até março deste ano, comandou a ONU Mulheres, em Nova York.

    AGENDA SOCIAL

    A campanha de Bachelet se concentrou em três propostas de reformas: tributária, educacional e constitucional. Os protestos estudantis em 2011 levaram a socialista a prometer educação gratuita em seis anos, já que no Chile o ensino superior é 100% privado.

    "O grande desafio de seu segundo governo será administrar as expectativas. Ela tem uma agenda transformadora ambiciosa e há demanda por mudanças", diz à Folha Claudio Reyes, da Flacso (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais).

    O futuro governo de Bachelet terá maioria no Congresso: a Nova Maioria conta com 68 deputados e 21 senadores, contra 48 e 16, respectivamente, da Aliança.

    Esse quórum permite a aprovação da reforma tributária, que necessita de 61 votos na Câmara e 20 no Senado. Já para a reforma educacional, esse número passa para 69 e 22, respectivamente. Nesse caso, um dos quatro deputados eleitos por partidos independentes teria que votar com a Nova Maioria.

    A reforma mais difícil de se realizar será a da Constituição, que demanda 80 votos de deputados e 25 de senadores.

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