"Todo dia sinto de forma mais cruel o que perdi –preferia ter perdido minha vida do que perder Jack". O desabafo foi feito, em carta manuscrita, por Jacqueline Kennedy, ex-primeira-dama americana, meses após o assassinato do marido, John Kennedy, em novembro de 1963.

O destinatário era o padre irlandês Joseph Leonard, a quem Jackie escreveu cerca de 30 cartas entre 1950 e 1964, falando sobre suas inseguranças, o marido mulherengo, a solidão e a dor de perder Kennedy.

As cartas foram reveladas ontem pelo jornal irlandês "The Irish Times", que teve acesso a elas por meio da casa que vai leiloá-las em 10 de junho. Espera-se que o pacote com 130 páginas de detalhes íntimos da vida dos Kennedy seja arrematado por até € 1,6 milhão (R$ 4,8 milhões).

	Reprodução/washingtonpost.com
	Foto mostra Jackie e o padre Leonard; ao fundo, as cartas

Jackie e o padre se conheceram em 1950, antes de ela, então com 21 anos, se casar com Kennedy. Eles só se viram mais uma vez desde essa data, quando ela foi novamente a Dublin, já com Kennedy, então senador.

"É tão bom escrever tudo isso e desabafar, porque eu nunca falei sobre isso com ninguém", diz Jackie em uma das cartas. Em outra, ela afirma ter sido vencida pela ambição, "como MacBeth", personagem de Shakespeare.

"Talvez eu esteja apenas deslumbrada e me imagine em um mundo brilhante de cabeças coroadas –e não apenas uma dona de casa triste", escreve. "Isso pode ser muito glamouroso do lado de fora, mas se você está nele e está sozinho, pode ser um inferno", desabafou.

MULHERENGO

Em mensagem enviada antes mesmo de se casar, Jackie já demonstrava ter dúvidas sobre a fidelidade de Kennedy, que depois teria tido como amante Marilyn Monroe.

"Ele é, de alguma forma, como meu pai –ama a caçada e se entedia com a conquista– e, uma vez casado, precisa provar que ainda é atraente, então flerta com outras mulheres. Vi como ele quase matou a mamãe."

Depois da morte do marido, ela revelou ao padre ter se afastado de Deus.