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    Ricos abrem o bolso para influenciar campanha nos EUA

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    19/05/2014 02h00

    Oitavo homem mais rico do mundo, dono dos maiores cassinos de Las Vegas e Macau, Sheldon Adelson, 80, gastou quase US$ 100 milhões em 2012 para eleger candidatos republicanos.

    Em março, conseguiu fazer quatro pré-candidatos republicanos à sucessão do presidente Barack Obama (que será em 2016) voarem até Las Vegas para praticamente sabatiná-los em seu hotel-cassino Venetian, entre gôndolas e canais venezianos artificiais.

    Neste ano, com eleições em novembro para Senado e Câmara dos Deputados, outros dois bilionários, os irmãos Charles e David Koch, ainda mais ricos que Adelson (empatados no sexto lugar entre os bilionários da lista da revista "Forbes"), pretendem gastar US$ 125 milhões para tentar conquistar maioria republicana no Senado (atualmente na mão dos democratas) e assim fazer a oposição a Obama ter o controle de Câmara e Senado.

    "Os irmãos Koch pretendem comprar o país", acusou o líder democrata no Senado, Harry Reid.

    Na eleição deste ano, alguns bilionários democratas estão imitando os republicanos e também despejando milhões em suas causas.

    A novidade é que o dinheiro não vai para os partidos. Isso se tornou possível graças a uma polêmica decisão do Supremo americano que retirou qualquer limite de doações feitas por grandes empresas e sindicatos em campanhas não associadas a um candidato ou comitê particular. Os bilionários podem criar seus próprios comitês com "causas" afins.

    Boa parte desse dinheiro foi parar em "super-PACs", comitês de ação política que podem arrecadar e gastar sem limites desde que revelem seus doadores. Por não estarem ligados à campanha de um determinado candidato, normalmente elas focam em "bandeiras", seja contra mais regulamentação ambiental ou contra o plano de saúde criado pelo governo Obama.

    A campanha de reeleição de Obama se orgulhou de arrecadar mais de US$ 230 milhões em pequenas doações, abaixo de US$ 200 cada, pela internet (contra US$ 79 milhões na mesma categoria do oposicionista Mitt Romney) –mas só Adelson e os Koch gastaram mais do que isso.

    Decisões anteriores do Supremo dizem que se uma pessoa ou grupo quer pagar anúncios para expressar suas opiniões políticas, isso é "direito de expressão", assegurado pela Primeira Emenda da Constituição americana.

    Antes da decisão, corporações e sindicatos estavam proibidos de financiar "anúncios temáticos", que indiretamente faziam campanha pró ou contra candidatos.

    Do outro lado ideológico, o megainvestidor Tom Steyer se tornou o maior doador –pessoa física– em 2013. Ambientalista, ele pagou por páginas inteiras em jornais e minutos na TV para combater a ampliação do oleoduto Keystone. Depois de gastar US$ 11 milhões no ano passado, ele pretende gastar mais US$ 50 milhões neste ano.

    "Pela primeira vez, haverá mais dinheiro nesses PACs do que nas campanhas", disse à Folha Elizabeth Wilner, vice-presidente da consultoria Kantar Media, que estuda gastos com publicidade. "Essa campanha vai consumir ainda mais dinheiro".

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