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    Ucrânia elege Petro Poroshenko, 'rei do chocolate', segundo pesquisa

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A KIEV

    26/05/2014 03h00

    Como era esperado, o magnata ucraniano Petro Poroshenko venceu em primeiro turno as eleições presidenciais realizadas neste domingo (25), apontavam as pesquisas de boca de urna até a conclusão desta edição. Os resultados oficiais devem sair nesta segunda-feira (26).

    Dono de uma fortuna de US$ 1,3 bilhão, é conhecido como o "Rei do Chocolate", por ser dono da principal marca do país, além de um canal de televisão.

    O roteiro deste pleito também parece ter se confirmado com a baixa adesão do leste e novas promessas de diálogo com a Rússia.

    Poroshenko, 48, obteve cerca de 55% dos votos, muito à frente da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, 53, com 13%, que reconheceu a derrota.

    Com a pesquisa em mãos, ele fez discurso de vencedor: prometeu buscar a unidade da Ucrânia, viajando ao leste, palco da onda separatista pró-Moscou que dificultou a votação na região.

    "O primeiro passo que vamos tomar no gabinete presidencial será parar a guerra, colocar fim ao caos e trazer a paz para a Ucrânia", disse.

    Poroshenko defende laços maiores com a União Europeia, mas tentando não criar atritos com a Rússia.

    A Folha acompanhou algumas seções eleitorais em Kiev, onde a situação foi diferente -apesar das longas filas, não havia clima tenso, e a adesão era alta.

    Essa eleição é considerada a mais importante da Ucrânia desde sua independência em 1991, na derrocada da União Soviética.

    Marca a substituição definitiva do presidente deposto em fevereiro, Viktor Yanukovich, aliado dos russos, em meio a protestos que deixaram dezenas de mortos. Um governo interino e fragilizado estava no poder.

    Poroshenko foi um dos principais mentores da queda de Yanukovich, sob a acusação de que ele cedeu à pressão de Moscou ao se negar a assinar um acordo comercial com o bloco europeu. Apesar disso, chegou a ser ministro de Yanukovich, em 2012.

    Ao celebrar o resultado, Poroshenko disse que vai dialogar com a Rússia, acusada por Kiev de estimular o separatismo no leste. Reafirmou que não reconhece a anexação da península da Crimeia por Moscou.

    O presidente russo, Vladimir Putin, não comentou o resultado até a conclusão desta edição. Já o americano Barack Obama elogiou o processo eleitoral, considerado por ele um "passo importante" para o fim da crise.
    Aliado de Poroshenko, o ex-campeão mundial de boxe Vitali Klitschko foi apontado como vencedor na disputa para a prefeitura de Kiev.

    BOICOTE NO LESTE
    A eleição no leste ocorreu com baixíssima adesão. Praticamente não houve votação na cidade de Donetsk, uma espécie de "capital" dos militantes pró-Rússia desde o mês passado. Nenhuma seção eleitoral funcionou na cidade durante o dia -ao todo, na província de Donetsk, apenas 426 de 2.430 seções de votação operaram, segundo a Comissão Eleitoral.

    "Sou responsável pela seção de três mil eleitores e aqui não teve votação", disse à Folha Bodnia Olensii, chefe eleitoral.

    Os separatistas bloquearam zonas eleitorais e destruíram urnas. Dos 35 milhões de eleitores, de 15% a 20% são do leste, com forte presença separatista.

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