O vice-presidente americano, Joe Biden, 71, reúne-se nesta terça (17), em Brasília, com a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer. É a primeira visita que a presidente recebe de um ocupante da Casa Branca desde que cancelou a viagem de Estado aos EUA em 2013, depois do escândalo da espionagem.
O tema não saiu da agenda, e se espera que Biden leve uma mensagem a Dilma confirmando que o Brasil está entre as "nações aliadas e amigas" cujos líderes não serão mais espionados pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) –como prometeu em janeiro, sem dar detalhes, o presidente Barack Obama.
Biden chegou para ver a estreia da seleção dos EUA na Copa, em Natal, nesta segunda (16). Dilma e Biden já tinham se encontrado no Chile em março, na posse da presidente Michelle Bachelet.
Em maio, em jantar com repórteres estrangeiros para tentar conter as pesadas críticas à organização da Copa na mídia internacional, Dilma disse esperar um "sinal forte de que essas questões [a espionagem] não se repetirão". Mas também declarou ter interesse em reagendar a visita de Estado e disse que as relações Brasil-EUA "continuavam no mais alto nível".
Depois do adiamento de várias reuniões bilaterais, o diálogo diplomático foi incrementado neste ano. Ministros de Obama, de Jack Lew (Tesouro) à subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, visitaram o país nos últimos três meses. Diplomatas dos dois lados dizem que "o pior já passou".
O governo Obama quer demonstrar o engajamento com a região através das viagens do vice à América Latina (esta é a oitava dele desde 2009).
Uma fonte da Casa Branca disse à Folha que este é um dos "períodos de maior atividade de alto nível com a região em qualquer governo americano". Em maio, o presidente já recebeu na Casa Branca seu colega uruguaio, José Mujica, e receberá a chilena Bachelet no fim do mês.
Mas as críticas se acumulam, da falta de uma política que substitua a guerra às drogas na América Latina à manutenção do embargo a Cuba.
A Casa Branca também não conseguiu vencer resistências internas para novos acordos comerciais com países da região e patina numa adiada reforma imigratória que poderia conferir cidadania a 11 milhões de imigrantes, na maioria latino-americanos.