O caminho dos peregrinos xiitas a Karbala é interrompido por tendas para o descanso e também por voluntários que distribuem, de graça, comida.
Ambas as estruturas são financiadas pelo governo e por diferentes grupos xiitas.
A reportagem da Folha senta-se, em uma delas, para tomar chá com cardamomo e ouvir as histórias dos que caminhavam por ali. Biscoitos secos acompanham a refeição.
"Vim servir Hussein", diz o cozinheiro Hussein Ali, que prepara também falafel e kebab. "Hussein se sacrificou pelo bem do islã e de outras religiões", afirma Asad Jamil.
Ambos insistem que, ali, xiitas e sunitas são iguais e, de fato, ninguém pergunta à reportagem durante as horas de caminhada sobre sua religião. "Todos os peregrinos são iguais", afirma Jamil.
MILAGRES
Para Haider Kazim, Arbain é o momento para os milagres, como aquele que faz multiplicar os andarilhos mesmo diante do perigo.
O trecho percorrido, na região de Dora, foi conhecido durante o ápice da violência sectária como "rodovia da morte", devido ao número de atentados terroristas.
Hoje, as forças de segurança revistam todos os que passam ali. Mas, em seu horário de descanso, o policial Marwan (ele não diz o sobrenome) ajuda a servir o chá. "É difícil distinguir quem é terrorista e quem não é", diz. "Se alguém decidir atacar, causará um grande dano."
O caminho até Karbala é cenário de outros milagres, de acordo com crentes. "No ano passado, estava descansando quando vi um homem de cadeira de rodas andar", diz Saad Abbas, que veio caminhando de seu vilarejo natal, na região de Diyala.