Começou com prisões e execuções (cerca de 700 baha'is foram executados no Irã) entre 1978 (antes, portanto, da revolução islâmica de 1979) e 1988.
Continuou com a proibição de acesso ao ensino universitário para os membros dessa religião monoteísta, que diz que as religiões têm a mesma fonte espiritual e partem do mesmo Deus.
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Simpatizantes e membros da comunidade baha'i protestam em frente ao Congresso Nacional |
Depois, veio a proibição de dar-lhes emprego público. Em seguida, a pressão para que também o setor privado negasse trabalho aos fiéis de um religião que tem cerca de 7,3 milhões de seguidores —a maioria no Irã, mas também em outros 217 países.
Agora, vem o ataque ao único meio de subsistência que lhes restou no Irã: abrir pequenos negócios próprios. São lojinhas de autopeças ou de conserto de eletrodomésticos, por exemplo.
Nos últimos meses, centenas delas foram interditadas a pretexto de que não podiam fechar nas datas sagradas para a crença baha'i.
À interdição temporária, seguiu-se a ordem de assinar documento em que se comprometem a só fechar as portas nos feriados nacionais legalmente reconhecidos.
A alternativa era a cassação da licença, o que de fato ocorreu em muitos casos, conforme denúncia apresentada por Diane Ala'i, representante da Comunidade Internacional Baha'i junto ao escritório da ONU em Genebra.
"As recentes tentativas de autoridades iranianas de impedir que os donos baha'i de lojas observem os poucos feriados sagrados da religião são atos contra as leis do próprio Irã e que violam normas internacionais de direitos humanos", diz.
Os baha'i são perseguidos no Irã e em outros países islâmicos porque a sua religião é considerada uma apostasia ao islã.
Embora concentrada majoritariamente no Irã, a comunidade baha'i tem representação também no Brasil.
Aliás, queixa-se do que considera "posição dúbia" do governo brasileiro na ONU.
De um lado, a presidente Dilma Rousseff enfatizou, desde o discurso de posse, que os direitos humanos estariam no centro de sua política externa.
Mas, na outra ponta, "absteve-se de votar no projeto de resolução que estendia o mandato do relator especial para acompanhar as violações de direitos humanos no Irã", diz Iradj Roberto Eghrari, um dos líderes da comunidade no Brasil.
É óbvio que qualquer acompanhamento dos direitos humanos no Irã teria de passar pelo caso dos baha'i, que não sofrem apenas perseguição econômica.