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    Japoneses não podem se desculpar para sempre pela guerra, diz premiê

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    14/08/2015 10h41

    O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, expressou nesta sexta-feira (14) "condolências eternas" pelas vítimas da Segunda Guerra Mundial em seu país e no exterior, mas afirmou que as futuras gerações "não devem ser predestinadas" a pedir desculpas pelo passado militar do país, em um discurso que marcou o 70º aniversário da rendição japonesa.

    "O Japão reiterou muitas vezes seu sentimento de remorso profundo e suas desculpas sinceras por seus atos durante a guerra", afirmou o premiê. "As posturas expressadas pelos governos precedentes permanecerão inabaláveis no futuro."

    Toru Yamanaka/AFP
    Japanese Prime Minister Shinzo Abe looks down as he leaves a press conference following his war anniversary statement that neighbouring nations will scrutinise for signs of sufficient remorse over Tokyo's past militarism at his official residence in Tokyo on August 14, 2015. Abe expressed deep remorse over World War II and said previous national apologies were unshakeable, but emphasised future generations should not have to keep saying sorry. AFP PHOTO / Toru YAMANAKA ORG XMIT: TY075
    O premiê japonês, Shinzo Abe, faz discurso sobre os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial

    Ressaltando que cerca de 80% dos habitantes do país nasceram depois do fim da guerra, Abe disse que o Japão não pode permitir que "as futuras gerações, que não têm nada a ver com a guerra, sejam predestinadas a pedir desculpas", afirmou Abe.

    O Japão, aliado da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, rendeu-se em 15 de agosto de 1945 após a Força Aérea dos Estados Unidos lançar duas bombas atômicas sobre o país asiático, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.

    O discurso desta sexta era muito aguardado pelos vizinhos asiáticos do Japão, especialmente a China e a Coreia do Sul, que sofreram com o militarismo e a expansão imperial do país entre 1910 e 1945.

    "Nós gravamos em nossos corações as histórias de sofrimento dos povos da Ásia, (...) como Indonésia, Filipinas, Taiwan, a República da Coreia e China, entre outros", disse o premiê. "No 70º aniversário do fim da guerra (...), expresso meu sentimento de pena profunda e minha condolência eterna e sincera."

    Desde o fim da Segunda Guerra, a Constituição japonesa tem um caráter pacifista. No entanto, o governo de Abe tem apresentado medidas no sentido de remilitarizar o país e de buscar uma posição mais ativa na área de Defesa nacional, o que tem provocado críticas e protestos.

    No discurso, Abe jurou que o Japão permanecerá pacífico, mas fez críticas veladas às atividades da China em águas disputadas na região.

    Os dois países asiáticos reivindicam soberania sobre o território marítimo em torno de ilhas desabitadas chamadas de Diaoyu pelos chineses e Senkaku pelos japoneses.

    Abe afirmou, por fim, que o Japão jamais poderá repetir a devastação da guerra, dizendo que as mortes durante a guerra deixam-no sem palavras e em luto.

    "A história é dura", disse. "O que foi feito não pode ser desfeito."

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