O papa Francisco manteve um encontro particular com o ex-ditador cubano Fidel Castro neste domingo (20), anunciou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
O encontro, que durou entre 30 e 40 minutos, aconteceu na casa do ex-ditador na presença de seus filhos e netos e da mulher de Fidel, Dalia Soto del Valle.
Francisco visitou Fidel, 89, depois da missa que oficiou durante a manhã na Praça da Revolução de Havana, com a presença do ditador cubano, Raúl Castro, e da presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
"O papa foi com um pequeno grupo à residência do comandante", afirmou Lombardi, que não esteve presente ao encontro.
Na reunião, disse, os dois abordaram alguns temas da atualidade internacional, como os danos ao meio ambiente.
Durante a visita, Fidel presenteou o papa com o "Fidel e a religião", do teólogo brasileiro Frei Betto. Segundo Lombardi, o líder da Revolução Cubana escreveu na dedicatória: "Para o papa Francisco em ocasião de sua visita a Cuba, com a admiração e o respeito de todo o povo cubano".
Em troca, o pontífice deu ao ex-ditador alguns livros religiosos e a encíclica escrita por ele sobre o meio-ambiente, a Laudato Si, e outra exortação feita pelo papa, a "Evangelii gaudium".
Entre as publicações presenteadas, estão dois livros do padre italiano Alessandro Pronzato, traduzidos para o espanhol, "La Nostra Bocca si Aprì al Sorriso e "Vangeli Scomodi".
Além dessas duas obras, Francisco deu ainda uma coletânea de discursos e orações, gravadas em CD, pelo padre Armando Llorente —que foi professor de Fidel no colégio dos jesuítas de Belém.
MISSA
Em seu pronunciamento durante a missa, o pontífice fez um apelo para que o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ponham fim ao conflito mais longo da América do Sul, afirmando que os dois não podem permitir o fracasso do processo de paz.
"Que o sangue derramado por milhares de inocentes durante longas décadas de conflito armado" mantenha os esforços para encontrar uma paz definitiva, disse o papa argentino.
Havana é palco há mais de dois anos de um diálogo entre o governo e as Farc para tentar pôr fim ao conflito de meio século.
Francisco, que é o primeiro papa latino-americano da Igreja Católica, recentemente ajudou no processo de reconciliação histórica entre os EUA e Cuba.
O papa argentino iniciou no sábado a visita a Cuba, primeira etapa de uma viagem que também o levará aos Estados Unidos a partir de terça-feira (22).
Essa é a primeira viagem de Francisco a Cuba, e a terceira visita de um pontífice, depois das realizadas por João Paulo 2º, em 1998, e de Bento 16, em 2012.