O empresário Donald Trump voltou a protagonizar uma troca de farpas com pré-candidatos à Casa Branca no quarto debate entre republicanos, realizado nesta terça-feira (10). Mesmo o ex-governador da Flórida Jeb Bush, cuja estratégia de atacar um ex-aliado vinha sendo criticada, cedeu às provocações do magnata.
Trump suscitou vaias ao reclamar que a executiva Carly Fiorina interrompia os demais pré-candidatos. Ao ser contestado por John Kasich, governador de Ohio, sobre sua proposta de construir um muro na fronteira com o México para impedir o fluxo imigratório, espezinhou: "Não preciso ouvir esse homem. Você deveria deixar Jeb falar".
Kasich chamou de "boba" a defesa de Trump de deportar 11 milhões de pessoas que moram nos EUA sem a situação regularizada.
Bush, que também se opõe à política de deportação de Trump, reagiu com ironia: "Obrigado. Que homem generoso você é". Mas quando, em outro momento, tentou interromper o adversário, não foi bem-sucedido. "Espere um minuto", cortou Trump, em tom de ordem.
Realizado pela rede Fox Business e pelo jornal "Wall Street Journal", o evento era decisivo para a candidatura de Jeb Bush. Empacado nas pesquisas, seu desempenho no debate anterior foi mal avaliado, depois de sucessivos ataques ao senador Marco Rubio, da Flórida, que, antes da campanha, ele costumava defender.
Nesta terça, Jeb e Rubio não interagiram diretamente. O ex-governador mostrou-se mais confiante, reclamou do pouco tempo cedido para falar no debate anterior, mas, quando teve a palavra, cometeu escorregões. Fez piadas das quais ninguém riu e se embaralhou ao responder sobre a regulação do mercado financeiro.
Ao falar de política externa, foi mais assertivo. Afirmou que o Estado Islâmico é a maior ameaça dos Estados Unidos. Criticou Trump por ter defendido "deixar que a Rússia combata" a facção terrorista e por ter dito que os EUA não poderiam ser a "polícia do mundo".
"Donald está errado nesse ponto. Está absolutamente errado nesse ponto. Não seremos a polícia do mundo, mas com certeza é melhor que sejamos a liderança mundial", soltou Jeb.
Ben Carson, o neurocirurgião aposentado que superou Trump em algumas pesquisas de intenção de voto, manteve o tom de voz baixo característico. Não se alterou nem quando questionado sobre mentiras em seu currículo que ele vinha reiterando ao longo da campanha.
"Obrigado por não perguntar o que eu falei quando estava na décima série", ironizou. Carson mencionou supostas versões diferentes que a pré-candidata democrata Hillary Clinton teria apresentado sobre o atentado em Benghazi.
"No lugar de onde eu venho", comparou, "isso é considerado mentira. Acho que é muito diferente de ser mal interpretado quando eu falei que me foi oferecida uma bolsa de estudos."
Na semana passada, sua campanha reconheceu que o médico nunca se inscreveu nem foi aceito na Academia Militar de West Point, como apontava sua autobiografia.
"Quem me conhece sabe que sou uma pessoa honesta", desconversou.
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