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    Fotos provam tortura de prisioneiros do regime na Síria, diz ONG

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    17/12/2015 08h15

    A ONG humanitária Human Rights Watch (HRW) revelou nesta quarta-feira (16) que identificou 27 vítimas em uma coleção de 28 mil fotografias de prisioneiros que foram mortos quando estavam sob a tutela do ditador da Síria, Bashar al-Assad.

    Segundo a HRW, as imagens são "provas autênticas e cabais de crimes contra a humanidade" cometidos pelo regime sírio.

    Em janeiro, Assad disse que as fotos poderiam ter sido feitas em qualquer lugar.

    Divulgadas há mais de um ano, as imagens foram feitas por um militar que era responsável pelos registros fotográficos do Exército sírio. O militar desertou em 2013 e levou os registros.

    Para não ter sua identidade revelada, ele recebeu o codinome de "César" –o caso foi descrito pela jornalista francesa Garance Le Caisne no livro "Opération César".

    As fotos expõem as condições enfrentadas por detentos em cinco centros de detenção, por onde passaram cerca de 117 mil pessoas desde o início da guerra, em 2011.

    Segundo "César", os certificados de óbito informavam que as causas das mortes eram "ataque cardíaco" e "problemas respiratórios".

    55 MIL

    No arquivo de "César" há mais de 55 mil fotografias, tiradas entre maio de 2011 e agosto de 2013, mês em que o ex-militar fugiu do país.

    Destas 55 mil, mais de 28 mil são dos corpos de 6.786 detidos nas prisões militares.

    A HRW debruça-se agora sobre os casos das vítimas que identificou.

    Para comprovar a autenticidade das fotografias, a organização falou com as famílias dos detidos e com dezenas de outros prisioneiros que escaparam dos presídios.

    A HRW entrevistou dois exilados sírios que trabalhavam em dois centros de detenção em Damasco e uma enfermeira de um hospital militar.

    Foram investigados também documentos sobre as prisões enviados por dissidentes do regime, que, segundo a ONG, comprovam as práticas descritas por "César" a uma equipe de peritos do Qatar, à jornalista francesa e ao Congresso dos EUA.

    O relatório da HRW informa que, "em algumas das fotografias analisadas, os prisioneiros tinham grandes ferimentos cranianos expostos, ferimentos de bala e sangue expelido por orifícios corporais. Muitas das fotos são de corpos descarnados, com marcas de tortura".

    Um médico consultado pela ONG viu as 28 mil fotos e conclui que mais de 40% dos presos retratados tinham passado fome: "Exibiam os tórax muito definidos, os ossos pélvicos proeminentes e as faces escavadas."

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