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    Após agressões na Alemanha, Merkel é criticada por política para refugiados

    DA AFP

    07/01/2016 17h00

    Após a onda de agressões sexuais na noite de Ano-Novo em Colônia (oeste da Alemanha), as críticas à chanceler Angela Merkel por sua política de portas abertas aos refugiados se intensificaram.

    Os casos registrados em Colônia, atribuídos a migrantes por algumas testemunhas, complicam a tarefa da chanceler neste início de ano. Impulsionado pelo fluxo sem precedentes de migrantes –procedentes de Síria, Iraque ou Afeganistão– e pelas dúvidas sobre a capacidade da Alemanha de integrá-los ao país, o medo ressurgiu na opinião pública.

    A polícia informou à agência de notícias AFP ter recebido mais de cem denúncias de mulheres agredidas na noite de 31 de dezembro.

    Hannibal Hanschke/Reuters
    A chanceler alemã, Angela Merkel, dá entrevista após encontro com o premiê da Romênia, em Berlim
    A chanceler alemã, Angela Merkel, dá entrevista após encontro com o premiê da Romênia, em Berlim

    Na quarta-feira (6), a chanceler precisou enfrentar na Baviera (sudeste alemão) a fúria do braço local de sua coalizão política, a CSU, que a convidou para a primeira reunião do ano com o objetivo de voltar a explicar por que considera perigoso para o país a aposta nos refugiados.

    "Mantenho minha exigência de uma mudança em todos os aspectos da política de refugiados", ressaltou o presidente da CSU, Horst Seehofer.

    "Se demandantes de asilo ou refugiados participam de agressões como as de Colônia, esses atos devem representar o fim imediato de sua estadia na Alemanha", havia afirmado pouco antes o secretário-geral da CSU, Andreas Acheuer.

    Apesar da afirmação das autoridades de que não existem provas do envolvimento de refugiados nas agressões, os críticos da chanceler insistem em culpá-los, com base nos depoimentos de vítimas que mencionam criminosos de aparência norte-africana ou árabe.

    "A Alemanha já é suficientemente aberta ao mundo e multicor para você, senhora Merkel?", perguntou em tom de ironia Frauke Petry, líder do partido populista Alternativa para a Alemanha, que avança nas pesquisas há vários meses e deve obter vagas em três Parlamentos regionais nas eleições de março.

    Contudo, a extrema direita mobilizou apenas uma dezena de manifestantes em Colônia, que foram repelidos por cerca de 150 contramanifestantes.

    As teorias da conspiração ganham força na internet e entre os movimentos populistas, com acusações aos grandes meios de comunicação, que teriam optado pelo silêncio a respeito do ocorrido em Colônia, segundo os críticos, para não alimentar o discurso contrário aos migrantes.

    Como acontece há vários meses no que diz respeito aos refugiados, vários sites de notícias optaram por fechar os comentários nas páginas com informações sobre o tema, para evitar que se transformassem em fóruns de ofensas xenófobas ou racistas.

    A polícia de Colônia não informou sobre os casos da noite de Ano Novo até segunda-feira (4), três dias depois, e não explicou a magnitude das agressões até terça-feira (5), atitude que irritou o Ministério do Interior.

    O ministério afirmou que não deve haver "tabus" sobre a origem estrangeira dos agressores, mas também pediu que os refugiados não sejam estigmatizados.

    Outros atos similares de menor alcance foram denunciados em Hamburgo (norte) e em Stuttgart (sudoeste) no dia 31 de dezembro.

    O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, criticou a falta de reação da polícia: "Eles não podem trabalhar dessa maneira". No entanto, a Procuradoria de Colônia disse "não descartar" uma organização entre os agressores.

    PRESSÃO SOBRE O GOVERNO

    Nesse cenário, a pressão sobre Merkel para que estabeleça um limite aos demandantes de asilo continua crescendo. Apesar do inverno alemão, a chegada de refugiados não diminui: continua no ritmo de milhares por dia.

    Em dezembro, o país recebeu 127.320 solicitações. No conjunto de 2015, o total foi de 1,1 milhão. "Nesse ritmo, haverá mais refugiados neste ano do que em 2015", afirmou Horst Seehofer.

    Mas a chanceler descarta impor limites às entradas. Ao chegar para a reunião desta quarta, Merkel reconheceu "haver posições divergentes", mas disse que isso "provavelmente não mudará" de maneira rápida.

    Contudo, a chanceler voltou a prometer "reduzir de maneira significativa" neste ano o número de migrantes, no marco de uma solução europeia.

    Além disso, Merkel ressaltou a importância de "preservar a livre circulação de pessoas na Europa", enquanto Suécia e Dinamarca acabam de restabelecer seus controles fronteiriços.

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