O empresário Donald Trump venceu em mais três Estados, entre eles Michigan e Mississippi, os mais importantes dos quatro Estados norte-americanos que foram às urnas nesta terça (8) na disputa do Partido Republicano pela candidatura à Casa Branca. Das 24 prévias já disputadas, Trump venceu 15, em meio a forte oposição da elite republicana, que não o considera digno de representar o partido.
A julgar pelos resultados desta terça, a campanha teve pouco êxito. No Michigan (Meio Oeste) Trump teve 36,5% dos votos, seguido do senador Ted Cruz (24,9%), do governador de Ohio, John Kasich (24,3%) e do também senadore Marco Rubio (9,3%). Michigan é o Estado com maior peso nesta etapa de votação, com 59 delegados em disputa.
No Mississippi (Sul), o bilionário ganhou com facilidade ainda maior. Trump tinha quase metade dos votos (47,3%), seguido de Cruz (36,3%), Kasich (8,8%) e Rubio (5,1%). O resultado frustrou a expectativa de Cruz, que está em segundo lugar na disputa geral e contava com um bom desempenho no Mississippi para frear Trump com a ajuda do eleitorado conservador. O senador, no entanto, saiu vencedor em Idaho, outro Estado que teve prévias nesta terça, com 45.4% dos votos, contra 28,1% de Trump.
No Havaí, Trump venceu com 42,4% dos votos, seguido de Cruz (32,7%), Rubio (13,1%) e Kasich (10,6%).
Joe Skipper/Reuters | ||
O pré-candidato republicano Donald Trump ampliou sua liderança com vitórias em Michigan e Mississippi |
As duas vitórias de Trump em Estados com perfis tão diversos como Michigan e Mississippi fortalecem a trajetória do bilionário na corrida presidencial republicana, apesar da enorme resistência a seu nome entre os líderes do partido.
Em discurso após a divulgação dos primeiros resultados, Trump disse que o partido deveria parar de gastar milhões em propaganda contra ele e se concentrar em ganhar do Partido Democrata na eleição presidencial de novembro.
"Eu espero que os republicanos abraçem isso", disse Trump sobre sua campanha, afirmando que tem atraído milhares de eleitores para o partido. Temos algo que é tão bom, deveríamos nos agarrar uns aos outros e unir o partido".
Trump aproveitou a atenção da mídia para fazer o que mais gosta: vender a sua marca. Ao lado de uma mesa com amostras de bifes, vinho e água com a sua marca, o empresário exaltou os produtos antes de voltar a falar da campanha.
"Eu não tinha visto uma torrente de ideias desconexas como essa desde que abandonei a psiquiatria, há 30 anos", disse o colunista conservador Charles Krauthammer na Fox News.
O discurso pacificador ensaiado pelo bilionário dificilmente covencerá o bloco anti-Trump. Com a guerra declarada contra ele pela elite republicana, torna-se cada vez mais provável um cenário inédito no partido desde 1948, uma "convenção disputada".
Nele, nenhum concorrente tem a maioria simples de votos de delegados partidários para garantir a candidatura e há nova votação, sem seguir as prévias estaduais.
Trump lidera a corrida e as pesquisas na maioria dos Estados em disputa nas próximas semanas. Matematicamente, tem como conquistar os delegados necessários, mas suas margens são pequenas, se considerada a soma dos adversários e o fato de vários Estados dividirem seus delegados na mesma razão que os votos das urnas.
Sem se unir em torno de um só candidato, a torcida da cúpula republicana é que os três adversários –Cruz, Rubio e o governador de Ohio, John Kasich– conquistem uma parte dos delegados em jogo para formar uma barreira anti-Trump.
Para a estratégia dar certo, Trump precisa sofrer derrotas na decisiva rodada de votações do dia 15. O foco são Flórida e Ohio, nos quais o vencedor ganha todos os delegados. Até a noite de ontem, Trump tinha 384 delegados, Cruz 300, o senador Marco Rubio, 151 e o governador de Ohio, John Kasich, 37.
São necessários 1.237 delegados para ganhar a candidatura republicana. Com as vitórias desta terça, Trump já tem mais de 1/3 do que precisa.
Todas as atenções agora se voltam para as prévias do dia 15, que podem ser decisivas. Em Ohio, Kasich está quase empatado com Trump nas pesquisas. Mas o decepcionante desempenho do governador em Michigan, que tem perfil demográfico parecido com Ohio, é um bom sinal para Trump.
Rubio continua em um distante segundo lugar em seu Estado, a Flórida, longe de ameaçar Trump. Nesta terça ele foi novamente o maior perdedor da rodada, não tendo sequer atingido a barreira mínima de 15% dos votos para ganhar delegados em Michigan e no Mississippi. Pressionado a deixar a disputa para reforçar outra candidatura anti-Trump, sua última esperança é ganhar na Flórida e conquistar todos os seus 99 delegados.
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