Filha de um dos líderes chavistas mais poderosos na Venezuela, a cantora pop Daniella Desiree Cabello Contreras desistiu de estudar no Brasil. Ela chegou a viajar para Foz do Iguaçu (PR) e realizou a matrícula no curso de ciências políticas na Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), mas, na última segunda-feira (14), cancelou a inscrição.

A Unila informou que não houve uma justificativa para a desistência e se ela já retornou à Venezuela. Desde a semana passada, a Folha tenta contatar Daniella, mas a cantora informou, via assessoria da universidade, que não pretendia falar com a imprensa. Segundo a Unila, ela disse que estava se integrando ao campus e começaria a estudar, efetivamente, na segunda (14). Nesse dia, no entanto, ela anunciou a desistência do curso.

Metade das vagas de todos os cursos ofertados pela Unila é destinada a estrangeiros. Além de Daniella, outros cinco venezuelanos haviam feito matrícula neste ano. A seleção é feita por uma banca nomeada para avaliar o currículo equivalente ao ensino médio de cada estudante em seu país de origem –não há vestibular nem prova escrita.

Em seu país, Daniela já estudava ciências políticas na Universidade Central da Venezuela.

HOMEM DE CONFIANÇA

Daniella é filha de Diosdado Cabello, capitão do Exército e homem de confiança de Hugo Chávez, que presidiu a Venezuela de 1999 até sua morte, em 2013. Cabello foi presidente da Assembleia Nacional até janeiro. Foi reeleito deputado nas eleições parlamentares de dezembro passado, vencidas pela oposição.

Na terça-feira (15), por meio de sua conta no Twitter, Daniella comentou sobre a centésima edição do programa "Com El Mazo Dando", apresentado pelo seu pai na TV estatal venezuelana. "Vem com tudo, 100 vezes mais revolucionário", acrescentou. O programa de Diosdado Cabello irá ao ar nesta quarta-feira (16).

POP CHAVISTA

Das cinco músicas de maior sucesso que Daniella canta desde o início da sua carreira, em 2014, quatro louvam a ideologia governista. "Invencível" e "Gotas de Chuva", por exemplo, são um culto à personalidade do "eterno comandante" Hugo Chávez. A única canção sem relação com o governo é uma versão de "Imagine", de John Lennon.