A Itália se tornou nesta quarta-feira (11) o último país da União Europeia a permitir uniões civis a casais do mesmo sexo, após a Câmara aprovar -por 372 votos a 51 e 99 abstenções- uma legislação que havia sido endossada pelo Senado em fevereiro.
Apesar de celebrarem a votação como histórica, ativistas dos direitos homossexuais expressaram decepção com o fato de o governo ter sacrificado uma provisão que permitiria adoções por casais gays para garantir a aprovação da lei.
"Ainda falta a total igualdade, que era o que pedíamos", disse Gabriele Piazzoni, secretário-nacional do Arcigay, principal grupo de direitos homossexuais do país. "Mas, ainda assim, este é um momento crucial."
Enquanto o Parlamento italiano votava, grupos de direitos homossexuais se reuniam do lado de fora com cartazes em que se lia: "Esse é apenas o começo".
A legislação concede aos casais do mesmo sexo muitos dos direitos dos formalmente casados: usar o mesmo sobrenome, receber a aposentadoria do parceiro, ter direitos de herança, de visitas hospitalares e de tomar decisões médicas. Ela, porém, não permite o casamento.
O Vaticano, que tem ampla influência social e política na majoritariamente católica Itália, considera o casamento como um vínculo de toda a vida entre um homem e uma mulher.
O principal bispo católico italiano, monsenhor Nunzio Galantino, criticou a decisão do governo de colocar o projeto sob um voto de confiança para garantir sua aprovação, afirmando que isso representava uma "derrota para todos".
O primeiro-ministro Matteo Renzi defendeu a tática, argumentando que a adotou para evitar "mais adiamentos depois de anos de tentativas frustradas".
Renzi, 41, havia prometido priorizar a legislação pelos direitos dos gays quando assumiu o poder, em 2014.
"Hoje é um dia de celebração para muitos, para aqueles que finalmente se sentem reconhecidos", escreveu o premiê no Facebook.