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    Macri vai a ato em memória de ataque e reaproxima Argentina e judeus

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    18/07/2016 17h10

    Presidência/AFP Photo
    Handout picture released on July 18, 2016 by the presidential press service of Argentine President Mauricio Macri (2nd-L) participating in a ceremony for the 22nd anniversary of the bombing attack against the Asociacion Mutual Israelita Argentina (AMIA) Jewish community center in Buenos Aires that killed 85 people and injured more than 300. / AFP PHOTO / PRESIDENCIA / HO / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / PRESIDENCIA" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS
    O presidente Mauricio Macri, participa de cerimônia em memória aos 22 anos do ataque à Amia

    Após cinco anos de ausência, o governo argentino participou, nesta segunda-feira (18), de um ato para lembrar os 85 mortos no atentado terrorista à Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), ocorrido em Buenos Aires em 1994.

    A presença do presidente Mauricio Macri no evento de 22 anos do atentado marca a reaproximação entre a comunidade judaica e o Estado. O mandatário foi discreto, não subiu no palco e saiu antes mesmo dos discursos. Mesmo assim, sua participação foi vista com otimismo.

    Para o diretor-executivo do Congresso Judaico Latino-americano, Claudio Epelman, Macri simboliza a possibilidade de diálogo e o fim da "tensão" entre a comunidade e o governo.

    A última vez em que um presidente argentino participou de um ato de aniversário do atentado havia sido em 2011, quando Cristina Kirchner estava no poder. Dois anos depois, ela assinou um memorando de entendimento com o Irã que azedou a relação do Estado com a comunidade judaica.

    O documento, que determinava a cooperação dos dois países na investigação do atentado, não teve o aval dos familiares das vítimas, que consideraram que ele beneficiaria apenas os supostos responsáveis pelo ataque e retrocederia o caso.

    Em 2006, a Justiça argentina já havia chegado à conclusão de que o Irã ordenara o atentado e havia solicitado à Interpol a detenção de seis funcionários do governo iraniano e de um libanês membro do Hezbollah.

    Assim que Macri assumiu à Presidência, em dezembro do ano passado, ele derrubou o acordo e também se comprometeu a esclarecer o caso da morte do promotor judeu Alberto Nisman –duas medidas celebradas pela comunidade judaica.

    O relacionamento entre governo e judeus havia se deteriorado ainda mais com a morte de Nisman em 2015, quatro dias após ele ter denunciado que Cristina Kirchner havia supostamente encoberto o envolvimento do Irã no atentado terrorista.

    Macri também sinalizou simpatia às causas judaicas ao participar da cerimônia de abertura do Congresso Judaico Mundial, que ocorreu em março em Buenos Aires.

    "[O presidente] nos dá esperança de que os casos serão resolvidos. Uma pressão internacional pode fazer com que o Irã colabore com a Argentina para que os responsáveis [pelo atentado] sejam julgados", disse Epelman à Folha.

    Essa foi primeira vez de Macri em uma homenagem aos mortos no ataque à Amia. Quando era chefe de governo da cidade de Buenos Aires (2007-2015), ele não costumava ir, pois era acusado de ter comandado um esquema de escutas ilegais em que foram grampeados os telefones de Sergio Burstein (familiar de vítimas do atentado). Neste ano, Macri foi absolvido no processo.

    A comunidade judaica na Argentina é a maior na América Latina, com 230 mil pessoas –a do Brasil é a segunda, com 120 mil.

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