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    Campanha de Donald Trump propõe reestruturar a infraestrutura dos EUA

    BARNEY JOPSON
    DO "FINANCIAL TIMES"

    31/08/2016 07h55

    Os assessores de Donald Trump estão desenvolvendo planos detalhados para a reconstrução da infraestrutura, reforma do sistema previdenciário e desregulamentação de setores como o de energia, em um esforço por rebater as críticas de que falta substância às propostas políticas republicanas.

    Tom Barrack, presidente do fundo de investimento imobiliário Colony Capital e assessor econômico de Trump, diz que "o debate será mais substantivo. Essa eleição é uma escolha entre o status quo e o desordenamento inovador, e queremos apresentar propostas que desafiem o status quo".

    Desde que teve confirmada a indicação do partido, em julho, Trump vem sendo criticado pelo que se percebe como escassez de propostas políticas, acoplada a uma retórica abrasiva e a controvérsias que dominaram a cobertura de sua campanha.

    O esforço dele por desenvolver propostas econômicas mais substanciais começou por um discurso em Detroit este mês, e sua equipe de assessores, dominada por financistas de Wall Street e investidores em imóveis, está tentando definir uma plataforma política que ofereça a Trump propostas específicas de política pública, que ele prometeu mas até agora não emergiram.

    Além de Barrack, a equipe econômica de Trump inclui o administrador de fundos de hedge John Paulson; Stephen Feinberg, fundador do grupo de capital privado Cerberus; e Stephen Calk, presidente do Federal Savings Bank.

    Hillary Clinton, a candidata do Partido Democrata, vem criticando Trump pesadamente por pintar um quadro que ela define como excessivamente sombrio sobre a economia dos Estados Unidos, e afirma que ele se interessa mais por ajudar os milionários como ele.

    'PERSONALIDADES FORTES'

    Não se sabe em que medida as ideias dos assessores de Trump estarão bem coordenadas, porque a equipe conta com "personalidades fortes", disse Barrack. Como resultado, o provável é que o grupo ofereça uma gama ampla de ideias políticas.

    "Não queremos buscar simplesmente o mínimo denominador comum... queremos um imenso debate [sobre políticas públicas], que mude o debate e faça com que o próximo presidente mude de postura", ele disse. "O status quo tem poder, e o desordenamento é perigoso... mas existe uma boa chance de que vença porque a pessoa média quer mudança. Vimos isso acontecer no caso do 'brexit'", afirmou, em referência à saída britânica da União Europeia.

    Barrack disse que os críticos que menosprezaram a campanha de Trump por seus discursos ocasionalmente inflamatórios não compreenderam corretamente o tipo de política que ele faz. "Quanto a expulsar os muçulmanos ou construir uma muralha [na fronteira], é preciso compreender que ele é um empreendedor que começa com uma proposta dura, sabendo que as negociações a encaminharão a algo mais razoável."

    No "Financial Times" desta semana, Wilbur Ross, um investidor do segmento de capital privado que também é assessor de Trump, elogiou o candidato por reconhecer que "os males econômicos dos Estados Unidos só podem ser tratados por meio de reformas estruturais abrangentes, especialmente nas áreas de comércio internacional e política tributária".

    O candidato também conta com a assessoria de Dan DiMicco, antigo presidente executivo do grupo siderúrgico Nuccor, que vem de um setor no qual a retórica protecionista de Trump só recebe elogios.

    Antes do discurso de Trump em Detroit, DiMicco disse que a espinha dorsal de seu plano para estimular o crescimento dos Estados Unidos continuava a ser sua "doutrina" de comércio internacional e tarifas defensivas que forçariam a China e outros países a renegociar seus elos com os Estados Unidos.

    Muitas multinacionais norte-americanas encaram negativamente as visões do bilionário quanto ao comércio internacional, o que resultou em um ataque sem precedentes contra Trump da parte da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, uma organização de lobby em geral alinhada ao Partido Republicano.

    Hillary tentou compensar a vantagem de Trump no debate sobre política comercial nas regiões onde a indústria é forte adotando uma postura mais dura quanto a disputas internacionais.

    ACORDO TRIBUTÁRIO

    Barrack disse que uma das principais plataformas de sua equipe seria uma proposta para elevar os gastos com a infraestrutura. Isso seria provavelmente financiado, em parte, por um acordo tributário extraordinário encorajando companhias norte-americanas a repatriar o US$ 1,2 trilhão em reservas que elas mantêm no exterior.

    "Um fundo de infraestrutura faz sentido —pode-se arrecadar impostos com a repatriação para formar o núcleo de um fundo de infraestrutura", disse Barrack, acrescentando que uma alíquota justa de impostos sobre o dinheiro repatriado seria da ordem de 5% a 7%.

    "Se você considerar outros exemplos, como o da Itália, essa é uma boa alíquota —mas o significativo não é só a alíquota mas os créditos tributários para investimentos", ele disse. Os democratas do Congresso apoiam o princípio da repatriação, mas exigiriam alíquota muito mais alta.

    Tanto Trump quanto sua rival democrata estão cortejando os proprietários norte-americanos de pequenas empresas. A equipe de Trump vem pedindo que eles classifiquem as medidas de regulamentação aplicadas a eles na ordem em que gostariam de vê-las revogadas.

    Um grupo de assessores que está examinando a política regulatória tem reunião marcada para esta semana. As opções se centram no afrouxamento de regras trabalhistas e das obrigações de saúde introduzidas para as empresas com a Lei de Acesso à Saúde do presidente Obama. O pacote de medidas será apresentado como forma de estimular a criação de empregos para a classe média.

    Barrack disse que é preciso haver desregulamentação do setor de energia e um debate nacional sobre a política tributária, mas acrescentou que a equipe não proporia uma reestruturação da dívida nacional, como Trump havia dado a entender.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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