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    Americanos aprovam Obama mas divergem sobre legado, diz pesquisa

    JOSH LEDERMAN
    EMILY SWANSON
    DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

    09/01/2017 12h23

    No final de seu mandato, mais de 50% dos norte-americanos têm opinião favorável sobre o presidente Barack Obama, de acordo com uma nova pesquisa, mas o público continua fortemente dividido quanto ao seu legado. Menos de metade dos norte-americanos declaram estar em situação melhor oito anos depois de sua eleição, ou que Obama promoveu a união do país.

    Uma pesquisa da Associated Press e NORC Center for Public Affairs Research conduzida depois da eleição de novembro de 2016 joga luz sobre uma das principais contradições da presidência de Obama: no geral, os norte-americanos gostam dele. Mas Obama foi incapaz de traduzir esse apreço em aprovação a muitas de suas políticas, ou de aproveitar essa popularidade a fim de atingir as suas metas.

    57% dos norte-americanos entrevistados disseram encarar Obama positivamente, e 37% o encaram de modo negativo. Pouco mais de metade deles classificaram a presidência de Obama como ótima ou boa.

    Os números contrastam fortemente com a maneira pela qual os norte-americanos viam Obama alguns anos atrás. Em dezembro de 2014, um mês depois de os democratas perderem o controle do Senado, apenas 41% dos pesquisados tinham opinião positiva sobre Obama, em uma pesquisa AP-GfK.

    Obama cumpriu suas promessas? Não cumpriu, para dois terços dos norte-americanos. 48% deles disseram que ele tentou cumpri-las mas fracassou, 22% disseram que ele não as cumpriu de todo e 32% disseram que ele as cumpriu.

    Os números refletem a frustração que muita gente sente, mesmo entre os simpatizantes de Obama, quanto à falta de progresso sobre temas como a reforma das leis de imigração, a imposição de medidas de controle de armas ou o fechamento a prisão da baía de Guantánamo, em Cuba.

    "Ele tinha uma atitude muito presidencial, mas não conseguiu fazer as coisas", disse Dale Plath, gerente de vendas aposentado em Mason City, Iowa. Ele disse que votou em Obama em sua primeira eleição, contra ele na segunda e que, em 2016, "votei pela mudança, francamente" –na forma do republicano Donald Trump.

    "Sim, compreendo que os republicanos agiram contra Obama", disse Plath. "Mas houve outros presidentes na mesma situação e eles conseguiram superar os problemas".

    Ainda assim, Obama deixará a Casa Branca em situação muito melhor que o seu antecessor, George W. Bush, encarado favoravelmente por apenas 40% dos norte-americanos quando sua presidência acabou, em janeiro de 2008, de acordo com pesquisas do instituto Gallup. O pai de Bush, George H. W. Bush, se saiu melhor, com 62% de aprovação no final de seu mandato, apesar de não ter conquistado a reeleição.

    Obama está mais ou menos equiparado ao presidente Bill Clinton, também encarado favoravelmente por 57% dos norte-americanos ao fim de seus oito anos na Casa Branca.

    O primeiro presidente negro dos Estados Unidos e seu complicado legado ganham foco mais nítido quanto o assunto é a raça. Quase 80% dos negros o veem favoravelmente, mas proporção muito menor deles considera que sua presidência tenha promovido as mudanças profundas que foram a esperança dos norte-americanos negros por muito tempo.

    Apenas 43% dos eleitores negros dizem que Obama tornou as coisas melhores para os negros, ante cerca de metade que dizem que pouca coisas mudou. 6% dos negros pesquisados dizem que Obama tornou as coisas piores para eles.

    Para Ronald Thompson, 62, negro e morador de Chicago, a cidade de Obama, as mudanças foram muito pequenas. Thornton disse que encara Obama de modo muito favorável, mas acrescentou que mesmo a maior realização de Obama –a Lei de Acesso à Saúde, ou "Obamacare"– teve lados negativos para pessoas como ele.

    "No ano em que ela entrou em vigor, eu não tinha plano de saúde", disse Thornton, que mais tarde adquiriu um plano em um dos mercados criados pelo Obamacare. "Sofri por conta dela naquele ano, e realmente não tenho dinheiro para pagar o custo disso".

    As fortes divisões na sociedade norte-americana expostas pelas eleição de 2016 são notáveis dadas as fortes esperanças de unidade nacional surgidas com a histórica eleição de Obama em 2008. Passados oito anos, apenas 27% dos entrevistados consideram os Estados Unidos mais unidos como resultado de sua presidência. Número muito maior de pesquisados –44%– dizem que o país está mais dividido.

    Quase 90% dos democratas ou pessoas que simpatizam com o Partido Democrata o encaram favoravelmente, enquanto 75% dos republicanos e pessoas com simpatias republicanas o encaram negativamente. Os independentes estão divididos quase que igualmente.

    "É um dos poucos arrependimentos de minha presidência –que o rancor e a suspeita entre os partidos tenha se agravado em lugar de diminuir", disse Obama em janeiro passado em seu último discurso sobre o Estado da União.

    Quando ele assumiu, o país enfrentava sérias dificuldades econômicas, com evaporação de empregos e uma crise financeira ceda vez mais grave. Perto do final do primeiro ano de Obama no posto, o desemprego atingiu os 10%, sua marca mais alta em um quarto de século. Ele deixa a Casa Branca com desemprego de apenas 4,7% e depois de 75 meses consecutivos de crescimento no emprego, ainda que isso tenha vindo em companhia de estagnação de salários e da saída de muitos norte-americanos mais velhos da força de trabalho, por terem perdido a esperança de encontrar emprego.

    Pode ser que esses desafios persistentes tenham alimentado a percepção de que as coisas não melhoraram o suficiente. Apenas 40% dos norte-americanos disseram que eles e suas famílias estão em melhor situação hoje do que quando Obama assumiu, e cerca de 25% dizem estar em situação pior. Cerca de um terço dos entrevistados dizem que sua situação não mudou muito.

    Irene Purcell diz não ter sentido diferença. Antiga pesquisadora judicial em Austin, Texas, ela estava enfrentando dificuldades para encontrar emprego como babá, em uma economia na qual pouca gente tinha dinheiro para contratar empregados domésticos.

    "Simplesmente por devolver muitos norte-americanos à força de trabalho, ele tornou isso possível para mim", disse Purcell, enquanto a criança de três anos da qual ela toma conta agora brincava ruidosamente ao fundo. "Isso foi muito bom".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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