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    Três morrem em marcha de supremacistas brancos nos EUA

    DE SÃO PAULO

    12/08/2017 14h07 - Atualizado às 00h16

    Ryan M. Kelly/Associated Press
    Carro atropela manifestantes contrários aos supremacistas em Charlottesville
    Carro atropela manifestantes contrários aos supremacistas em Charlottesville

    Pelo menos três pessoas morreram neste sábado (12) em Charlottesville, uma cidade universitária de 47 mil habitantes no Estado da Virgínia que virou palco simultâneo da maior manifestação de supremacistas brancos do passado recente dos EUA e de um protesto antirracismo.

    O governador Terry McAuliffe (democrata) declarou emergência no município, que fica a 2h30 de carro da capital do país, Washington, e o presidente Donald Trump condenou a violência.

    Uma mulher de 32 anos morreu atropelada por um carro que acelerou contra manifestantes antirracismo, disse o prefeito Mike Signer. A polícia prendeu James Alex Fields Jr., 20, que vive a 865 km dali, em Ohio, e responderá por homicídio doloso.

    Em entrevista à CNN, a mãe dele, Samantha Bloom, disse que Fields tinha viajado para participar do protesto. A Agência Federal de Direitos Civis também abriu investigação sobre o crime.

    Segundo o centro médico da Universidade da Virgínia, 19 pessoas foram feridas no atropelamento, e a polícia contabilizou mais 35 feridos em confrontos.

    À tarde, um helicóptero que monitorava os protestos caiu perto da cidade, e os dois policiais a bordo morreram. A causa será investigada.

    Em pronunciamento na TV, Trump pediu que o país se una para frear a violência: "Sem distinção de credo ou partido político, somos, antes de tudo, americanos. Amamos nosso país e temos orgulho de quem somos".

    "Queremos estudar o caso de Charlottesville e ver o que estamos fazendo de errado."

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    DIREITOS DOS BRANCOS

    A manifestação deste sábado foi convocada por grupos supremacistas brancos para protestar contra a decisão de retirar uma estátua do general Robert E. Lee (1807-70) de um parque local.

    Lee comandou as tropas confederadas na Guerra Civil dos EUA (1861-65), quando Estados do Sul lutaram para se separar do Norte abolicionista e manter seus escravos.

    A decisão segue a de outras cidades do Sul de retirarem símbolos confederados, que remetem ao passado escravocrata do país, de prédios e parques públicos. No protesto, vários manifestantes carregaram a bandeira vermelha com a cruz azul estrelada.

    Um pequeno grupo que se identificava como milícia, vestido com roupas camufladas, carregava escudos e armas de grosso calibre.

    Já os manifestantes antirracismo marcaram um contraprotesto diante de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), que fundou a universidade e cuja fazenda fica nos arredores.

    Quando os grupos se cruzaram, houve troca de agressões, arremessos de objetos e uso de gás pimenta. A polícia ordenou toque de recolher.

    Os supremacistas –que já haviam realizado uma marcha na noite anterior com tochas e palavras de ordem contra negros, homossexuais, judeus e imigrantes– planejavam atrair 6.000 pessoas.

    Após um site de locação de quartos para hóspedes boicotar os interessados em comparecer, conseguiram reunir algumas centenas.

    Os organizadores são ligados à chamada "alt-right" (direita alternativa, bastante vocal após a eleição de Trump) e alegam que o avanço dos direitos civis para minorias levará à sua extinção.

    No sábado, David Duke, ex-líder da organização supremacista Ku Klux Klan, que no passado assassinava negros, vinculou o presidente à reivindicação. "Vamos cumprir as promessa de Donald Trump de retomar nosso país", disse a repórteres.

    Depois que o presidente criticou o uso de violência, porém, Duke reclamou que o republicano os atacava em um momento em que buscavam "se unir como povo após décadas de ataques e ódio contra os americanos brancos" e recomendou a Trump que "se olhe no espelho e lembre que foram os brancos que o puseram no poder".

    Já Richard Spencer, supremacista branco que apoiou Trump na eleição presidencial, culpou a polícia pela violência. Também criticou o presidente por suas declarações, por serem "vagas e mancas".

    "A ideia de que eu possa ser considerado responsável é absurda. É como culpar o Corpo de Bombeiros por um incêndio."

    Com agências de notícias.

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