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    Brasileiro que foi preso na Venezuela é solto e volta para os EUA

    IGOR GIELOW
    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    06/01/2018 18h14 - Atualizado às 19h26
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    Reprodução
    O catarinense Jonatan Moisés Diniz, 31, estava preso na sede do Sebin, a polícia política do chavismo
    O catarinense Jonatan Moisés Diniz, 31, estava preso na sede do Sebin, a polícia política do chavismo

    O governo brasileiro confirmou que o gaúcho Jonatan Moisés Diniz, 31, preso em 27 de dezembro na Venezuela, foi libertado neste sábado (6) e voltou aos Estados Unidos depois de ser expulso do país caribenho.

    Ele havia sido capturado pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência, a polícia política da ditadura de Nicolás Maduro) e estava na prisão da sede da agência, em Caracas, conhecida por abrigar opositores ao regime.

    As autoridades o encarceraram junto com três venezuelanos sob a acusação de pertencer a uma organização criminosa. A detenção foi anunciada pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello.

    O Brasil só foi informado oficialmente pelas autoridades venezuelanas do paradeiro de Diniz na sexta (5). Desde então, intensificou sua ação junto à ditadura chavista, enquanto conversava com familiares do brasileiro.

    Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro argumentou com o regime que o gaúcho não tinha nenhuma atuação política na oposição, estava no país apenas para distribuir brinquedos.

    O Itamaraty vinha fazendo gestões com o governo venezuelano desde o anúncio de Cabello. O embaixador do Brasil em Caracas, Rui Pereira, foi expulso do país, mas há diplomatas na embaixada que vinham atuando nas negociações, além do gabinete do ministro, em Brasília.

    A família, que mora em Balneário Camboriú (SC), nega que ele tivesse cometido algum crime e estivesse no país como um espião da CIA (agência central norte-americana), como Cabello acusara ao anunciar a prisão. Segundo seus parentes, o catarinense viajou para prestar assistência a venezuelanos.

    Diniz mora em Los Angeles e chegou à Venezuela no início de dezembro. No mesmo período, pediu doações nas redes sociais para comprar comida e brinquedos para crianças e moradores de rua.

    As contribuições eram pedidas em nome de uma organização chamada Time to Change the Earth (Tempo de Mudar a Terra, em inglês), cuja única referência existente são páginas em redes sociais criadas no final de novembro pelo próprio brasileiro.

    As últimas postagens dele e da Time of Change the Earth foram comemorando a arrecadação de US$ 200 (R$ 663) para seu projeto e convidando para um evento de entrega de presentes em Caracas na última quarta (27).

    O símbolo da suposta entidade aparecia em camisetas vestidas por pessoas que o catarinense diz ter ajudado em fotos publicadas por ele. Diniz também aparece em praias do Caribe venezuelano e com outras pessoas, em sua maioria, mulheres.

    Para Cabello, a suposta ONG buscava obter "financiamento" e "detectar objetivos estratégicos". A acusação de que o brasileiro seria espião da CIA foi feita pelo dirigente tomando como base a residência nos EUA.

    Como provas para embasar sua prisão, apresentou bonés da entidade e postagens de Diniz a favor dos protestos contra Nicolás Maduro, a maioria delas datada do período entre maio e agosto, auge das manifestações.

    Na mesma época, Diniz morava em Caracas, onde ficou por três meses. Ele se mudou, vindo do Equador, dias após a convocação da Assembleia Constituinte, o que intensificou os protestos, e foi embora pouco depois da instalação da Casa chavista.

    As provas que o regime usou contra Diniz são similares às recolhidas para incriminar venezuelanos por terrorismo, especialmente no período das manifestações.

    Pela lei venezuelana, estrangeiros podem ser expulsos se violarem a segurança da população, a ordem pública ou cometerem delitos contra os direitos humanos.

    A Constituição estabelece que eles não têm direitos políticos salvo se obtiverem a cidadania, o que poderia ser estendido também à participação em protestos –a regra é a mesma do Brasil e de outros países da região.

    Colaborou a Redação em São Paulo

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