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    Primeira-ministra da Nova Zelândia anuncia que está grávida

    CHARLOTTE GRAHAM
    DO "NEW YORK TIMES"

    19/01/2018 13h04

    Diego Opatowski/AFP
    Jacinda Ardern, primeira-ministra neo-zelandesa, anuncia a gravidez ao lado do companheiro
    Jacinda Ardern, primeira-ministra neo-zelandesa, anuncia a gravidez ao lado do companheiro

    Jacinda Ardern, que se tornou a mais jovem primeira-ministra da Nova Zelândia em outubro, atraiu a atenção internacional quando denunciou entrevistadores de televisão que perguntavam se ela pretendia ter filhos caso fosse eleita. Ardern, 37, disse a um apresentador de TV que era "inaceitável" que mulheres no local de trabalho tivessem de responder a essa pergunta.

    Na quinta-feira (18), Ardern anunciou que está esperando seu primeiro filho, cujo nascimento é previsto para junho. Ela disse que seu parceiro, Clarke Gayford, apresentador de um programa de televisão sobre pesca, tiraria uma licença do trabalho depois do nascimento para se tornar um pai cuidador.

    Embora ela seja a primeira líder neozelandesa a dar à luz no exercício do cargo, Ardern explicou em uma entrevista coletiva na sexta-feira (19) que seu caso não é especial, já que ela "não é a primeira mulher multitarefas" nem a primeira a "trabalhar e ter um bebê".

    Mas ela admitiu que a situação de sua família é incomum de certa forma, dizendo que sofreu enjoos matinais "bem ruins" nos primeiros três meses, enquanto formava um novo governo, e que não sabia "como os carros do governo se sentiriam por ter neles um assento para bebê".

    Ardern disse que pretende trabalhar até o nascimento, e então tirará seis semanas de licença-maternidade. Nesse período, disse ela, o vice- primeiro-ministro Winston Peters assumirá seus deveres.

    Depois, acrescentou Ardern, ela pretende voltar aos "plenos deveres", com Gayford e o bebê viajando com ela sempre que possível.

    Ardern será a primeira líder da Nova Zelândia a tirar licença-maternidade. Duas outras mulheres serviram como primeiras-ministras do país: Helen Clark, do Partido Trabalhista, que enviou os parabéns a Ardern na sexta-feira, e Jenny Shipley, do Partido Nacional, que teve filhos antes de assumir o cargo.

    Shipley enviou palavras de apoio na sexta-feira, dizendo que Ardern seria capaz de conjugar as tarefas de primeira-ministra e de mãe.

    "Ela também se cercará de pessoas inteligentes que a ajudarão a fazer seu trabalho, e acho que é mais um exemplo vanguardista do que as mulheres podem fazer", disse Shipley à Rádio Nova Zelândia.

    Clark, uma ex-mentora de Ardern que seguiu para liderar o Programa de Desenvolvimento da ONU depois de ser derrotada como primeira-ministra em 2008, disse que toda mulher "deve ter a opção de combinar profissão e família".

    As redes sociais foram inundadas com mensagens de comemoração de neozelandeses depois do anúncio, junto com o silêncio de críticos que tinham questionado os planos familiares de Ardern antes que ela fosse eleita.

    Mark Richardson, o apresentador de televisão que iniciou o debate no ano passado perguntando a Ardern se ela pretendia ter filhos, não comentou. Na época, Ardern, então líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, perguntou aos jornalistas se eles teriam feito a mesma pergunta a um homem.

    Ardern assumiu o cargo depois de uma campanha eleitoral volátil, pelos padrões da Nova Zelândia. O líder trabalhista anterior, Andrew Little, renunciou ao ter maus resultados nas pesquisas, colocando Ardern no que ela na época chamou de "o pior emprego na política".

    Mas sua candidatura inverteu a sorte do partido, com os trabalhistas conquistando 46 assentos na eleição de 23 de setembro. O Partido Nacional, de centro-direita, liderado por Bill English, então primeiro-ministro, ganhou 56, número insuficiente para obter a maioria necessária para governar no Parlamento da Nova Zelândia.

    A decisão sobre quem governaria ficou para Peters, o líder do partido populista minoritário, Nova Zelândia Primeiro, que detinha o equilíbrio de poder.

    Após semanas de negociações e deliberação, Peters deu seu apoio a Ardern, cujo apelo por mudanças e energia jovial revigoraram os eleitores trabalhistas.

    Na sexta-feira, Ardern disse que soube da gravidez em meados de outubro, durante a semana em que Peters a anunciou como sua opção para primeiro-ministro, mas na época ela não contou a ninguém na mesa de negociação.

    No início do mandato, Ardern ajudou a aprovar uma lei que estende a licença parental remunerada no país de 18 para 22 semanas, mas seu bebê deverá nascer antes que a lei entre em vigor, em 1º de julho. A Nova Zelândia permite que os pais dividam o tempo de licença entre eles, como pretendem fazer Ardern e Gayford.

    Ela deverá ser a única chefe de Estado nos últimos anos a dar à luz no exercício do cargo. Em 1990, Benazir Bhutto teve seu segundo filho quando era primeira-ministra do Paquistão.

    Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

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