As metrópoles, em geral, ainda estão mal estruturadas para lidar com as exigências de uma mobilidade sustentável.
Mesmo cidades de países desenvolvidos convivem com a excessiva presença do carro particular, com congestionamentos e toda sorte de efeitos colaterais por eles provocados, sejam ambientais, sociais ou econômicos.
Os desafios globais vão além dos necessários investimentos em infraestrutura. Nos países em desenvolvimento, ainda é preciso encontrar um modelo adequado de financiamento do transporte público, mais equânime e que desonere a população de menor renda.
É necessário, também, buscar uma melhor gestão da demanda, com integração em rede e a racionalização dos deslocamentos da população, tornando as viagens menos desgastantes.
Isso exige planejamento, comprometimento e continuidade política. Do contrário, qualquer iniciativa tende a se perder sem obter resultado.
O Brasil viu nos últimos anos grande aporte de recursos públicos ser destinado para a mobilidade urbana, e o simples fato de o setor público investir em infraestrutura estimulou o setor privado a fazer o mesmo. Só no Rio de Janeiro, estão sendo construídos quatro corredores BRT (sistema de ônibus rápido). Neste ano, serão destinados R$ 800 milhões na aquisição de mil ônibus articulados e na construção de um moderno centro de controle operacional. Estima-se que cada ônibus articulado retire das ruas de três a quatro ônibus convencionais.
A criação de corredores BRT representa excelente solução em termos de transporte coletivo, com a constituição de verdadeiros eixos estruturantes, reduzindo o tempo de viagem e a emissão de poluentes.
Já há consenso que mobilidade sustentável não depende apenas das políticas de transporte. O desenvolvimento de tal sistema começa com a organização do espaço urbano, daí a importância de se discutir a reestruturação da cidade.
As metrópoles precisam renascer, e para isso é imprescindível que o planejamento de transporte e planejamento urbano estejam associados.
As cidades brasileiras ainda são muito concentradas, geográfica e economicamente, criando problemas que só serão sanados com uma melhor ocupação e uso do solo, com um planejamento inteligente de transporte, integrado ao planejamento urbano, e, claro, com continuidade administrativa e de investimentos públicos e privados.
JACOB BARATA FILHO, 60, é sócio em 11 empresas de ônibus que operam na cidade do Rio de Janeiro
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