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    Nagib Nassar: Sionismo, a nova face do colonialismo

    31/07/2014 02h00

    Colonialismo significa viver explorando os outros, seus recursos e suas terras, e foi isso mesmo o que sionismo planejou e executou. Desde o início, os pensadores sionistas apresentaram seus projetos coloniais e tentaram enganar o mundo europeu dizendo que estavam se defendendo contra o antissemitismo e oferecendo o sionismo como a cura para o antissemitismo na Europa.

    Na época, os lideres sionistas insistiram que a presença de judeus em sociedades com maioria de não judeus levou ao antissemitismo. Dessa forma fizeram um chamado aos judeus para saírem dos guetos e formarem uma nação, mas não poderiam realizar suas ideias sem um projeto colonial. Foi então que manejaram para atrair a simpatia dos povos europeus, juntando patrocinadores cristãos, ao dizer que ambos os povos são ligados à Palestina e para ela deveriam voltar.

    O movimento sionista criou o Estado de Israel com objetivo de realizar o projeto colonizador e assim mudaram a natureza do povo judeu de uma entidade religiosa para uma estrutura politica. Para realizar seus sonhos e alimentar os sentimentos de antissemitismo, os lideres sionistas fizeram alianças e manobraram em todas as direções.

    Uma das alianças que fizerem foi com os nazistas na década 1930. Com seus acordo, eles quebraram o bicote internacional contra o regime nazista. A Alemanha nazista, como consequência, iria recompensar os judeus alemães que imigraram para a Palestina exportando produtos alemães para os sionistas.

    Até o final da década 1930 a maioria do capital investido na palestina judaica vinha dos judeus alemães. Oficiais nazistas foram visitar a Palestina como convidados. Em 1937 foi à região ninguém menos do que o próprio Adolf Eichmann, sequestrado pelos israelense e por eles enforcado cerca de 30 anos depois.

    Foram os próprios sionistas que alimentaram o antissemitismo particionados pelo estado da Alemanha nazista como um instrumento essencial para seus projeto colonial. Como disse Theodor Herzl em seu diário "Os antissemitas serão nossos mais confiáveis amigos. Os países antissemitas serão nossos aliados".

    O sionismo só poderia ser realizado por meio de um projeto de assentamentos coloniais e seus fundadores entenderem que isso só seria possível se aliando às potencias coloniais. A colonização da Palestina começou exatamente no início da queda do colonialismo europeu, mas os sionistas mudaram sempre sua cara para esconder a natureza colonialista.

    Como o sionismo só poderia operar com maior colonização da terra Palestina e reconhecendo a crescente hostilidade ao colonialismo, o movimento se apresentou como uma luta anticolonial. Foi assim contra os britânicos quando lançaram ataques terroristas na década 1940 deixando muito mais vítimas civis do que militares.

    Eles chamaram sua guerra terrorista contra o Reino Unido de Guerra de Independência, a projetaram como um movimento anticolonial e, se aproveitando do rancor antissemita na opinião publica europeia, acusaram de antissemitismo a crescente resistência aos assentamentos judaico.

    A estratégia de Herzl continua a ser usada pelo sionismo e o Estado de Israel. Toda vez que os órgãos internacionais condenam Israel, o país é apoiado pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU e surge novamente o coro de acusações de "antissemitismo".

    Felizmente, essa estratégia já não intimida mais os órgãos internacionais ou países moralmente coerente como o Brasil. Israel e o sionismo agora sabem muito bem que quando o mundo ouve o argumento do "antissemitismo", trata-se de uma tática para desviar o foco do colonialismo israelense e dos assentamentos em terras palestinas.

    NAGIB NASSAR, 75, é Ph.D. em genética e melhoramento de plantas e professor emérito da Universidade de Brasília

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