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    editorial

    A onda do Nobel

    06/10/2017 02h00

    Laboratory of Molecular Biology/Associated Press
    In this undated photo provided by the MRC Laboratory of Molecular Biology (LMB) in Cambridge, Richard Henderson poses for a photograph. Three researchers based in the U.S., U.K. and Switzerland won the Nobel Prize in Chemistry on Wednesday, Oct. 4, 2017 for developing a way to create detailed images of the molecules that drive life? a technology that the Nobel committee said allowed scientists to visualize molecular processes they had never previously seen. The 9-million-kronor ($1.1 million) prize is shared by Jacques Dubochet of the University of Lausanne, Joachim Frank at New York's Columbia University and Richard Henderson of MRC Laboratory of Molecular Biology in Cambridge, Britain. (MRC Laboratory of Molecular Biology via AP) ORG XMIT: LON814
    Richard Henderson, da Universidade de Cambridge, um dos vencedores do Prêmio Nobel de Química

    Quem estiver em busca de extrair lições do trio de prêmios Nobel na área de ciências naturais deste ano enfrentará alguma dificuldade. A dispersão, mais uma vez, foi a marca das láureas de 2017.

    O prêmio de Medicina, anunciado na segunda-feira (2), contemplou um clássico estudo de ciência básica. Os americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young foram agraciados pelas descobertas de mecanismos moleculares dos ritmos circadianos.

    Desvendar as engrenagens do "relógio biológico", por assim dizer, não teve ainda aplicação notável em medicina. No entanto, representa um conhecimento basilar sobre a alternância regular de sono e vigília que governa boa parte dos ritmos biológicos.

    Tampouco se pode esperar que a confirmação da existência de ondas gravitacionais —objeto do Nobel de Física apresentado na terça-feira (3) resulte logo em inovações estrondosas nos campos tecnológico e industrial.

    Há algo de entusiasmante, entretanto, na capacidade humana de comprovar com experimentos uma ideia desenvolvida um século atrás por ninguém menos que Albert Einstein. E que experimentos.

    Rainer Weiss, Kip Thorne e Barry Barish, todos atuantes nos EUA, foram decisivos para pôr de pé o Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser, na abreviação em inglês).

    A máquina tem dois túneis perpendiculares de 4 km, pelos quais correm raios laser de alta precisão. Os feixes servem para detectar as perturbações do espaço-tempo causadas por objetos maciços em movimento, como buracos negros, que foram previstas por Einstein.

    Dois desses observatórios foram construídos nos Estados Unidos, um no Estado da Louisiana e outro no de Washington.

    A Fundação Nacional de Ciência dos EUA investiu US$ 1,1 bilhão no Ligo, valor que não parece tão alto quando se trata da "descoberta que abalou o mundo", como se expressou a Academia Real Sueca de Ciências ao anunciar o prêmio.

    Bem mais próxima do campo da inovação foi a láurea de Química, conferida ao suíço Jacques Dubochet, ao alemão Joachim Frank e ao escocês Richard Henderson. Eles desenvolveram a criomicroscopia eletrônica, que está revolucionando o estudo de moléculas cruciais para processos biológicos.

    Antes inabordáveis por métodos cristalográficos tradicionais, sua compreensão decerto levará ao desenvolvimento de novos fármacos.

    Há, sim, algo de comum aos três Nobel deste ano: básica ou aplicada, premiou-se a melhor ciência.

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