O deputado Fábio Faria (PMN-RN) devolveu à Câmara os gastos com as passagens aéreas pagas para sua ex-namorada, a apresentadora Adriane Galisteu. Faria depositou na quarta-feira R$ 2.405 referentes a sete bilhetes aéreos emitidos no nome da apresentadora, nos trechos entre Rio de Janeiro e São Paulo.
24.jul.2007/Folha Imagem |
Fábio Faria usou a cota de passagens da Câmara para pagar viagem de Galisteu |
Inicialmente, Faria disse que não iria ressarcir as passagens da apresentadora porque ela era sua "companheira" na época das viagens.
O parlamentar já tinha devolvido aos cofres da Câmara R$ 21.343 pelos custos dos bilhetes emitidos para artistas como Kayky Brito, Stephany Brito, Samara Felippo, além da ex-sogra Ema Galisteu e de um assessor próximo à ex-namorada. Ao todo, Faria desembolsou R$ 23,7 mil por ter usado a cota de passagens da Câmara no transporte aéreo de artistas,
Faria recuou depois do impacto das denúncias, mas alega que não utilizou sua cota de passagens para financiar o bilhete de Galisteu para Miami (EUA). O deputado admite que pagou um trecho entre a cidade norte-americana e São Paulo para a ex-sogra e o assessor ligado a Galisteu.
A apresentadora disse que não fazia ideia de que as passagens foram pagas pela Câmara. Galisteu estreia hoje um novo programa na rede Bandeirantes e convidou o deputado para esclarecer a situação ao vivo. Faria informou hoje que não vai participar da atração.
Explicações
O deputado encaminhou ontem à presidência da Câmara suas explicações formais para o uso da cota de passagens em nome dos famosos. Os três atores participaram a convite dele do carnaval fora de época em Natal, em dezembro de 2007. Faria reafirmou que não lidava diretamente com a emissão dos bilhetes e que falhas pontuais foram identificadas e corrigidas com a devolução do dinheiro aos cofres do Legislativo.
A situação do deputado é considerada delicada. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), pediu que a Corregedoria da Casa avalie as explicações. Temer deve se reunir com o corregedor, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), para decidir sobre a abertura de uma investigação contra o deputado ou se o caso deve ser arquivado pelo fato de Faria ter devolvido o dinheiro.
Contra o deputado está o argumento de que ele usou dinheiro publico em benefício próprio porque as passagens dos artistas para o carnaval fora de época de Natal tinham como objetivo promover o camarote que o deputado organizava. Além disso, utilizou parte da sua cota aérea para financiar a viagem de turismo a Miami da ex-sogra e do assessor de Galisteu.
O corregedor disse que vai ter cautela para analisar o caso. "Vamos esperar as explicações chegarem para começarmos a trabalhar", disse ACM Neto.
Mudanças
O escândalo envolvendo o deputado provocou a Mesa Diretora da Câmara a aprovar mudanças no uso da cota de passagens. O comando da Casa legalizou as viagens de parentes dos deputados com dinheiro público.
A nova regra diz que o benefício pode ser utilizado pelo próprio parlamentar, a mulher ou marido, seus dependentes legais e assessores em situações relacionadas à atividade parlamentar. A Mesa Diretora se omitiu na definição dos trechos que podem ser usados. Portanto, o deputado fica livre para levar a família inteira para qualquer destino, inclusive ao exterior, desde que justifique como necessário ao exercício do mandato.
Entre as medidas adotadas pelo comando da Câmara está a redução de 20% no valor da cota da passagem, que varia de R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil --dependendo do Estado de origem do parlamentar e se ele ocupa cargo na Mesa. Parlamentares do Distrito Federal, que não precisam voltar para seu Estado de origem no fim de semana, também recebem.