O diretor-geral interino da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Wilson Roberto Trezza, admitiu nesta quarta-feira que o órgão monitora movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), mas não tem mecanismos para prever todas as ações deflagradas por eles.
Trezza disse, durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, que a Abin acompanha ações dos movimentos sempre que há ameaças ao patrimônio público, com foco nos interesses da Presidência da República.
O diretor disse que a Abin não tinha como prever a invasão de uma fazenda produtora de laranjas no interior de São Paulo por integrantes do MST, na semana passada, uma vez que o fato fugiu ao controle dos próprios dirigentes do MST e não era prioridade da presidência da República.
"Sempre que houve ameaça ao patrimônio público, fazemos ações de inteligência. Temos conhecimento do modus operandi desses manifestantes. Não o episódio específico que ocorreu [ em São Paulo]. É uma possibilidade de ocorrência que foge, às vezes, à atividade de inteligência. Talvez tenha fugido ao controle da própria direção do movimento naquele momento", afirmou.
Trezza afirmou, porém, que a agência elabora relatórios de inteligência que são frequentemente encaminhados ao Ministério da Justiça e Polícia Federal para embasar eventuais inquéritos policiais contra ações do MST.
"No nível estratégico das decisões do presidente da República, esse episódio não é fundamental, mas é de interesse da Abin. Todos os dados disponíveis na Abin são consubstanciados num relatório de inteligência que são encaminhados ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal. Ele oferecerá subsídio para os inquéritos policiais", afirmou.