Brasília completa meio século hoje, resumindo em sua breve trajetória os descaminhos do país que buscou idealizar. Nascida da leitura modernista do ímpeto de Juscelino Kubitschek por Lucio Costa e Oscar Niemeyer, a capital acumula problemas decorrentes de sua urbanização utópica.
Veja capas da Folha sobre a inauguração de Brasília
Sítio arqueológico de um Brasil projetado ao futuro, viu a expansão da fronteira decorrer mais de imposições econômicas do que da presença do centro de poder no proverbial "meio do nada", e o isolamento favoreceu a cristalização de traços autoritários e patrimonialistas. A evolução política acompanhou o caráter anômalo, algo artificial, do espírito brasiliense.
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Capa da Folha de 22 de abril de 1960 mancheta a inauguração de Brasília |
Significativamente, a capital chega aos 50 anos imersa em uma crise sem precedentes, com um governador cassado que acaba de sair da prisão e sob o risco de intervenção. A degradação política mancha o orgulho local pela incomparável qualidade de vida, cheia de desigualdades. Fato consumado, Brasília obriga o Brasil a se encarar: é o espelho do país.