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    Cientista político de Harvard criou conceito de 'soft power'

    LUCIANA COELHO
    EM BOSTON (EUA)

    02/11/2010 07h00

    De todas as contribuições de Joseph Nye para a análise das relações internacionais, a mais importante é o conceito de "soft power" (poder "suave", em tradução livre).

    A expressão, usada por Nye pela primeira vez no livro "Soft Power: The Means To Success In World Politics, de 2004 (Soft Power, os meios para o sucesso na política internacional), denota a capacidade de um pais de influenciar e persuadir por meio de seu poder de inspiração e atração, em contraposição ao poder militar ou de coerção ("hard power", ou poder "duro").

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    Segundo Nye, o soft power emanado por um país se deve sobretudo à admiração que sua cultura, seus valores, sua língua, suas instituições e suas ações no âmbito internacional são capazes de despertar. O exemplo máximo é o poder de atração da cultura americana _o cinema de Hollywood é um caso frequentemente citado.

    Já o Brasil, por exemplo, tem um soft power natural graças ao apelo de sua cultura (e do futebol), diz Nye. Mais recentemente, as ações do país na África, onde desenvolve e ajuda a custear projetos sobretudo na área agrícola, têm ampliado esse poder suave.

    Outros fatores que pesam para essa expansão são o aumento das doações que Brasília tem feito a nações pobres e o próprio sucesso econômico do país.

    Segundo Nye, o soft power é mais efetivo e duradouro nas relações internacionais do que o poder de coerção. Os dois combinados --a capacidade de usar força, ou ameaçar usá-la, somada à capacidade de inspirar e influenciar-- formam o que o acadêmico chama de "smart power" ("poder esperto"), tema de seu próximo livro.

    RAIO-X

    NOME: JOSEPH S. NYE, 73

    PROFISSÃO: Cientista político americano e teórico das relações internacionais

    CARGO ATUAL: Professor da Kennedy School of Government (desde 1964) e membro-diretor do Belfer Center para as Ciências e as Relações Internacionais, ambos em Harvard.

    CARGOS ANTERIORES: Vice subsecretário de Estado para Assistência à Segurança, Ciência e Tecnologia (1977-79), diretor do grupo para não-proliferação das armas nucleares no Conselho de Segurança Nacional (1993-94), Secretário-assistente da Defesa para Assuntos Internacionais de Segurança (1994-95), diretor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, entre outros. Nye já viveu na Europa, no Leste da África e na America Central

    LIVROS: The Powers to Lead (Os poderes para liderar, 2008); Soft Power: The Means to Sucess in World Politics (2004); The Paradox of American Power: Why the World's Only Superpower Can't Go It Alone (O paradoxo do poder americano, por que a única superpotênci mundial não pode continuar sozinha, 2003) Governance.com: Democracy in the Information Age (Governaça.com, democracia na era da informação, 2002); Understanding International Conflicts: An Introduction to Theory and History (Compreendendo os conflitos internacionais, uma introdução à teoria e à história, 1993); Bound To Lead: The Changing Nature Of American Power (Fadado a liderar, a natureza mutante do poder americano, 1991) e outros.

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