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    Em entrevista no Planalto, Lula e blogueiros se unem em críticas à mídia

    BRENO COSTA
    DE BRASÍLIA

    24/11/2010 17h58

    A primeira entrevista já concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a blogueiros foi marcada por críticas à grande imprensa --tanto por parte do presidente quanto dos entrevistadores.

    Dez blogueiros autoclassificados de "progressistas" participaram da entrevista, acertada com o Palácio do Planalto após o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas, realizado em agosto, em São Paulo.

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    Do grupo, apenas dois podem ser considerados neutros. O restante é de blogs que fazem defesa do governo ou que, durante a campanha, se alinharam com a candidatura Dilma Rousseff.

    O blog "Amigos do Presidente Lula", não previsto inicialmente na lista divulgada pela Presidência, também participou da entrevista coletiva, realizada na manhã de hoje, no Palácio do Planalto. A entrevista durou cerca de duas horas.

    Das dez perguntas formuladas pelos blogueiros, apenas três buscaram mostrar alguma contradição de Lula e seu governo.

    Uma sobre uma suposta negligência do governo na política em relação a uma eventual punição aos torturadores da ditadura militar, outra sobre o mau desempenho do PT no Acre, e uma última sobre as razões da saída do ex-diretor geral da PF, Paulo Lacerda, do governo, na esteira da Operação Satiagraha.

    Um dos blogueiros, Eduardo Guimarães, do Movimento dos Sem Mídia, chegou a se referir ao "PIG". Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzir a sigla ao presidente: "Presidente, o PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista".

    Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que parou de ler jornais e revistas e disse que, quando sair da Presidência, vai reler tudo para saber "a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito".

    Segundo o presidente, "o jogo não é fácil, sobretudo quando você não quer se curvar, quando você quer ter independência no seu comportamento", disse.

    O presidente diz que a imprensa fica assustada com sua popularidade elevada, porque "trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso". Para Lula, "não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada".

    Lula defendeu a regulação da mídia e afirmou que pretende entregar a Dilma um texto sobre um marco regulatório para o setor antes do término do mandato, daqui a pouco mais de um mês. Segundo Lula, o lema da imprensa livre é "cobrar, exigir, questionar e defender quando for preciso defender".

    Defendeu, ainda, a criação de "um instrumento para a sociedade acionar judicialmente falsas denúncias" e cobrou responsabilidade da imprensa.

    "Vou ter o orgulho de terminar o meu mandato sem precisar ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma revista, em nenhum canal de televisão", disse o presidente. Lula disse, ainda, que "se alguém for fazer a história do meu mandato e pegar algumas revistas, a impressão que ele vai ter do meu mandato será a pior possível".

    BOLINHA DE PAPEL

    O presidente Lula ainda ressuscitou o episódio da "bolinha de papel", quando o então candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi agredido por militantes ligados ao PT durante ato de campanha no segundo turno das eleições, no Rio. O presidente voltou a dizer que Serra simulou uma agressão, e que o tucano foi atingido apenas por uma bolinha de papel.

    "Foi uma cena patética, realmente foi uma desfaçatez. Eu perdi três eleições, jamais teria coragem de fazer uma mentira daquela. Fiquei decepcionado [com a TV Globo] porque quiseram inventar uma outra história, inventar um objeto invisível que até agora não mostraram. O povo não merece aquilo. Aquilo era para culpar o PT. Na verdade, a violência foi o desrespeito ao ser humano. Por isso que eu disse que o Serra tem que pedir desculpas ao povo brasileiro", disse o presidente.

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