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    Motivo da morte de casal no PA foi conflito de terra, diz polícia

    FELIPE LUCHETE
    DE BELÉM

    20/07/2011 15h18

    A Polícia Civil do Pará disse nesta quarta-feira (20) que o assassinato do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi motivado pela disputa de terras no assentamento onde os dois moravam.

    O inquérito policial apontou como mandante das mortes o agricultor José Rodrigues Moreira, 42. Em 2010, ele comprou duas áreas com total de 790 mil metros quadrados no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (sudeste do Pará), o que é ilegal.

    Segundo a polícia, José Claudio dizia que as terras eram públicas e incentivava que famílias de agricultores se instalassem nas terras de Rodrigues.

    Em dezembro do ano passado, o extrativista afirmou à CPT (Comissão Pastoral da Terra) que Rodrigues incendiou as casas de dois agricultores, sob a alegação de que ele era dono das terras.

    O delegado José Humberto de Melo, da Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá, diz que a corregedoria da Polícia Civil apura se policiais participaram da ação na época, como afirmou José Claudio no documento.

    France Presse
    José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio
    José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio

    EMBOSCADA

    Na manhã do dia 24 de maio, o casal de extrativistas foi atingido por tiros quando passava de moto por uma ponte na estrada de terra que dá acesso ao assentamento. Segundo a polícia, dois homens aguardavam no meio da mata.

    De acordo com o inquérito, o irmão de Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha, 29, é suspeito de ter atirado no casal com uma espingarda. O alvo era José Claudio, mas um dos tiros atingiu a mulher dele, segundo o delegado.

    O outro suspeito de participação no crime, Alberto Lopes do Nascimento, 29, já foi condenado pela Justiça por roubo.

    A polícia ainda apura se José Rodrigues Moreira usa seu nome de batismo, já que o sobrenome dele e o do irmão são diferentes.

    Com a conclusão do inquérito, a polícia pediu a prisão dos três suspeitos. A Justiça ainda não se manifestou. Segundo a polícia, a prisão dos suspeitos foi pedida outras duas vezes anteriormente, mas não foi concedida pela Justiça.

    Todos estão foragidos, segundo a polícia. Eles serão indiciados sob suspeita de duplo homicídio triplamente qualificado e podem ser condenados a até 60 anos de reclusão.

    O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) afirmou que ainda investiga se há irregularidades em propriedades do assentamento.

    Quatro dias após a morte do casal, foi encontrado no mesmo assentamento o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25. Segundo a polícia, a morte dele não está ligada à do casal, porque ele foi morto por ligação com tráfico de drogas.

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