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    General afirma que Jobim é prepotente e 'já foi tarde'

    BERNARDO MELLO FRANCO
    DE SÃO PAULO

    16/08/2011 09h27

    A queda de Nelson Jobim do Ministério da Defesa, no último dia 4, trouxe à tona o ressentimento de oficiais das Forças Armadas com supostas humilhações impostas a militares pelo ex-chefe.

    Um artigo do general reformado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, ex-presidente do Clube Militar, expõe mágoas da caserna e afirma que o ex-ministro tinha "psicótica necessidade de se fantasiar de militar" e "já vai tarde".

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    O texto foi publicado no site da Academia Brasileira de Defesa e circula desde o fim de semana em blogs de militares. Escrito como desabafo dirigido a Jobim, sugere que parte da classe se sentiu vingada com sua demissão.

    Caio Guatelli - 13.jan.2010/Folhapress
    O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim durante visita a instalação brasileira no Haiti; ele deixou o cargo no início do mês
    O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim durante visita a instalação brasileira no Haiti; ele deixou o cargo no início do mês

    "Como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram [...] a desventura de servir no seu ministério", diz.

    "Por tudo de mal que fez à nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias."

    O general afirma que o perfil do ex-ministro publicado pela revista "Piauí" "retrata com fidelidade" o "seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores".

    Na reportagem, que precipitou a demissão do ex-ministro, Jobim chama a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) de "fraquinha" e diz que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "nem sequer conhece Brasília".

    Em outro trecho, que irritou os militares, a repórter narra uma cena em que ele usa tom ríspido para dar ordens ao almirante José Alberto Accioly Fragelli, diante de outros oficiais e de civis.

    O artigo critica o ex-ministro por posar de farda, "envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas".

    PROMESSAS

    O oficial ainda ataca a Estratégia Nacional de Defesa, principal projeto de Jobim na pasta. "Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados", critica.

    "Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram", diz. "Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações."

    Lessa elogia a presidente Dilma Rousseff, que estaria comandando as Forças Armadas "na plenitude da sua competência", mas critica a escolha do novo ministro da Defesa, Celso Amorim.

    O diplomata é descrito como "sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes" e "com notória orientação esquerdista".

    "Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim", diz.

    Na tarde da segunda-feira (15), a reportagem procurou ex-assessores de Jobim, que prometeram enviar a carta ao ex-ministro. Ele não se manifestou até a conclusão desta edição.

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